quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carlos Fernandes: "Quatro anos de Cinzas"

Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP)
Passou o Carnaval, mas o "bloco dos sujos" insiste em permanecer nas ruas. Para curar a ressaca do paulistano, não basta uma quarta-feira de Cinzas. Vivemos quatro longos anos de recolhimento para pagar o pecado de ter à frente da cidade um bando de foliões que se divertem às nossas custas.

É incrível: aonde o prefeito Haddad põe a mão, a coisa não anda ou regride. Até o Carnaval, que tinha tudo para ser um sucesso com o surgimento espontâneo de centenas de blocos de rua, virou um espetáculo degradante por causa da irresponsabilidade, da desorganização e da falta de planejamento da Prefeitura.

Enquanto milhares de pessoas viveram dias de festa e alegria, outros tantos paulistanos viram o caos instalado na porta de casa. Sujeira, depredação, drogas, violência, prejuízo... e o cidadão que paga caro seus impostos sente na pele os efeitos da omissão do poder público.

O enredo é conhecido: a Prefeitura faz muito oba-oba para gerir a cidade mas não mede as consequências dos seus atos. Promete ciclovias - e que se danem os outros modais de transporte. Patrocina o grafite como arte, mas erra a mão ao permitir a descaracterização do espaço público e até de patrimônios tombados. Incentiva trios elétricos e blocos de rua, mas é incapaz de proporcionar a mínima segurança a paulistanos e turistas que chegam para brincar o Carnaval.

A omissão e a inoperância da gestão petista deixam feridas profundas na população. Isso não se resume à falta de civilidade desta semana carnavalesca, mas ao dia-a-dia da cidade. Entre sexta-feira e a chamada terça-feira gorda, assistimos mais mortes provocadas por árvores tombadas. É inacreditável! Não é possível que o descaso da Prefeitura continue tirando vidas.

Também as tristes cenas de enchentes, que se repetem ano após ano, com bairros inteiros inundados e famílias perdendo tudo que possuem, trouxeram no Carnaval a marca da omissão da Prefeitura. Afinal, as ocupações irregulares são toleradas - quando não, incentivadas - pela gestão petista. Áreas de mananciais, várzeas e terrenos com risco de alagamento e deslizamento são invadidas diante da inoperância da administração. Agora o povo paga o preço.

Nem é preciso ser um cristão na Quaresma para refletir sobre a passageira, transitória e efêmera fragilidade da vida humana. Basta ser morador da cidade de São Paulo, nas mãos de governantes inePTos, para viver a ameaça diária da morte. Deus nos acuda!

Carlos Fernandes é presidente do PPS paulistano e foi subprefeito da Lapa.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,haddad-deixa-de-investir-r-1-6-bi-em-represas,1631183