terça-feira, 29 de abril de 2014

Plano Diretor é prioridade de uma gestão sem direção

Em uma semana curtíssima em decorrência do Dia do Trabalhador, o prefeito Fernando Haddad que mal trabalha e parece viver num feriadão sem fim - determinou que a Câmara Municipal de São Paulo aprove em primeira votação o novo Plano Diretor da cidade, tratado como prioridade absoluta desta gestão (Ops! Mas eles estão gerindo alguma coisa???).

Neste clima de "dolce far niente", Haddad também encaminhou projeto que lhe autoriza a decretar feriado nos dias de jogos na Arena do Corinthians, em Itaquera. Não só na abertura da Copa, 12 de junho, uma quinta-feira, com Brasil x Croácia, mas também Holanda x Chile (segunda, 23 de junho), Coréia do Sul x Bélgica (quinta, 26) e mais um jogo das oitavas de final na terça, 1º de julho. 

Há ainda outros dois jogos que já ocorrerão em feriados: Uruguai x Inglaterra, na quinta, 19 de junho, dia de Corpus Christi, e a semifinal na quarta, em 9 de julho, data que pode trazer de volta a São Paulo o time de Felipão a caminho da decisão no Maracanã.

Mais que uma singela folga extra para assistir a Copa em São Paulo, decretar feriado em dias de jogos que não envolvem a Seleção Brasileira é um atestado de incompetência da gestão Haddad para encarar a grandiosidade deste evento, contornar o trânsito caótico e garantir um mínimo de segurança e tranquilidade aos torcedores, turistas e à totalidade da população paulistana.

Já que é incapaz de planejar, organizar e executar algo de concreto e positivo para a cidade (que nos traria o prometido legado da Copa, hoje restrito a tragédias e obras superfaturadas), a saída mais simples e cômoda para Haddad é tentar tirar a população das ruas para atender às exigências da Fifa (com inúmeras restrições ao tráfego, por exemplo, numa ampla extensão viária em torno do estádio e vias de acesso, incluindo a Radial Leste, o que certamente vai parar o trânsito na cidade inteira).

Segundo a Federação do Comércio, cada feriado acarretaria um prejuízo de pelo menos R$ 200 milhões ao setor. Isso, se as lojas fecharem. Pois a decisão é facultada a cada lojista, de trabalhar ou não no feriado. Porém, quem abrir precisa pagar 100% de adicional aos funcionários, mais 37% de encargos. Ou seja, se todos os comerciantes decidissem abrir suas lojas, o prejuízo saltaria de R$ 200 milhões para R$ 600 milhões por dia. E são pelo menos cinco feriados. Calcule o prejuízo.

Se as doze cidades-sede da Copa no Brasil decretarem feriados nos dias de jogos, o prejuízo para o PIB brasileiro será de R$ 15 bilhões, segundo os cálculos da Fecomércio. Para São Paulo, de qualquer forma, a Copa faz a cidade perder dinheiro.

Vocacionada para o turismo de negócios – e não o esportivo – a cidade perde com os eventos empresariais que deixam de ser realizados no período. E o turista vinculado ao setor de negócios gasta comprovadamente muito mais que o esportista.

Vereadores na Sessão Corujão

Entre a tarde desta terça-feira e a madrugada de quarta, a base governista pode aprovar esses projetos de "quinta". São medidas polêmicas e mal explicadas (segundo entendimento da Justiça de São Paulo ao conceder liminar que suspendia as audiências públicas do Plano Diretor). Pior: que a maioria da população e da própria Câmara desconhecem o seu inteiro teor.

Estão embutidos neste Plano Diretor desde a anistia (mais uma!) de imóveis irregulares na cidade à implantação de um aeroporto particular em Parelheiros, numa região de preservação ambiental, que é vetado pela Justiça mas exigido por vereadores governistas - coincidentemente do mesmo PMDB do pré-candidato Paulo Skaf, pai de um dos donos do tal aeroporto.

Em outra manobra controversa (hábil e "esperta" no entendimento do governo, ou chantagista e irresponsável no senso comum), o prefeito Haddad tentou lavar as mãos e empurrar toda a pressão e cobrança da população para cima do Legislativo. Gesto que, mal comparando, fez lembrar um Pilatos no Palácio do Anhangabaú.

Se não bastasse ser o pior e mais impopular prefeito que se tem notícia (com uma rejeição imensamente maior que todos os eleitos nos últimos 30 anos, de Jânio Quadros a Gilberto Kassab, passando por Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta, Marta Suplicy e José Serra), o petista Haddad tem uma base de apoio rachada, dividida e indócil, pelo seu próprio despreparo, incompetência e falta de tino político.

Relatamos aqui as dificuldades que o prefeito tem para aprovar até mesmo projetos corriqueiros. Também já mencionamos que ele se torna, cada vez mais, refém dos vereadores e tenta, para reagir, reeditar velhas lutas ideológicas e cooPTar movimentos sociais organizados. Mas é muito pouco diante de sucessivas derrotas políticas e jurídicas. E igualmente ineficaz frente à novidade que são os movimentos desorganizados e espontâneos que surgem na sociedade - e que o PT se desespera por não saber como enfrentar.

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