quarta-feira, 23 de abril de 2014

Haddad encontra a inflação que Dilma esconde

Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP)
Veja mais esta contradição absurda do PT: a inflação crescente que o governo Dilma tenta esconder - mas todos nós, brasileiros, já sentimos no bolso - é apontada agora pelo prefeito Fernando Haddad e pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador José Américo, como uma das principais causas para a redução do Orçamento da cidade e do poder de investimento da Prefeitura.

Segundo a proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) encaminhada pelo prefeito Haddad ao Legislativo, a expectativa é de que as receitas alcancem R$ 49,2 bilhões em 2015, uma redução de 2,6% (ou R$ 1,3 bilhão) 
em comparação ao Orçamento de 2014, que projetou receita de R$ 50,5 bilhões.

É inédito em São Paulo que se reduza de um ano para outro a perspectiva de arrecadação e consequentemente o plano de investimentos na cidade. E por que isso? Fruto da incompetência administrativa que tomou conta da Prefeitura com a eleição de Fernando Haddad há dois anos.

A LDO de 2015 estima em R$ 7 bilhões a cota reservada para a construção de novos hospitais, escolas, moradias populares e obras de drenagem, por exemplo. Em relação ao planejamento feito para este ano, de R$ 10,7 bilhões, a redução é de 35%, ou R$ 3,7 bilhões. Um corte inadmissível!

Mas qual é, afinal, a alegação da Prefeitura para medida tão drástica, um verdadeiro atestado da incapacidade gerencial do PT? Eles culpam a suspensão do reajuste do IPTU, o fracasso da renegociação da dívida do município com a União e (surpresa!)... a conjuntura econômica do país!

"Você tem evidentemente uma situação econômica de uma certa retração, um crescimento um pouco menor", tenta justificar o presidente da Câmara, José Américo, ao ser questionado pelo jornalista Salomão Esper, da Band, sobre como é possível que, com orçamentos 10 vezes menores, outros prefeitos de São Paulo tenham investido e realizado muito mais que a atual gestão.

"Aí, no caso, é exatamente a inflação. Como você está falando de 10 anos atrás é a inflação que corroeu a moeda neste período", afirma em tom categórico o petista José Américo. "O último Orçamento da prefeita Marta Suplicy, em 2004, era R$ 15 bilhões. O Orçamento deste ano é quase R$ 50 bi. Então, é o processo inflacionário, claro. O crescimento real do Orçamento da cidade é relativamente pequeno."

Opa! Opa! Opa! Espera lá! Alguém aqui não está sabendo fazer contas. Ou está deixando escapar a mentira que é o PT! Quer dizer então que nesta última década - tudo dentro do período dos governos petistas de Lula e Dilma - o crescimento orçamentário de 230% foi "relativamente pequeno e corroído pelo processo inflacionário"? Uai, mas a presidente Dilma não jura de pés juntos na TV que não existe inflação?

Vamos aos números: se pegarmos todos os índices oficiais (IPC, IGP, IPCA, INPC) usados para medir a inflação acumulada nestes 10 anos, de janeiro de 2004 a março de 2014, encontraremos um resultado que varia entre 64% e 87%. Quer dizer, o tal Orçamento da prefeita Marta, de R$ 15 bi, seria corrigido para R$ 28 bi, no máximo. O prefeito Haddad tem o dobro disso para gastar. E o PT diz que é pouco!

Pouco? Só se for pouco para quem aparelha a máquina pública, para quem gasta sem nenhum critério, para quem administra a cidade sem planejamento, com irresponsabilidade, despreparo e imperícia. É pouco para um prefeito que caiu de paraquedas na Prefeitura, um aventureiro, desprovido de bom senso e de tino político.

É pouco para um gestor que, passado um terço do ano, não entregou ainda o uniforme dos alunos das escolas municipais e que corta o material básico alegando economia. Um desinformado que é derrotado na Justiça a cada medida irregular que tenta empurrar goela abaixo da população.

Se não bastasse, a alegada falta de dinheiro para justificar a sua inoperância é mais uma mentira deslavada porque boa parte das promessas de campanha e do plano de metas do prefeito Haddad está paralisada não por falta de recursos, mas porque nem sequer foram finalizados os projetos executivos, como é o caso de três hospitais municipais.

O mesmo descaso com que Haddad trata de questões essenciais como a prorrogação por tempo indeterminado de um contrato de transporte lesivo aos cofres públicos e a omissão para resolver o cancelamento da inspeção veicular ou a implantação de parques públicos. Aonde você olha, seja em manutenção ou investimento, enxerga uma administração capenga. É triste!