Tenho um sentimento cada vez mais forte de que a presidente Dilma Roussef, em 2014, começa a seguir os passos desastrados da ex-prefeita Marta Suplicy, que a levaram à derrota na eleição de 2004.
Não só pelos atentados verbais destemperados, desta que pronuncia discursos indecifráveis ou declara bobamente que o PMDB só lhe dá alegrias, versão atualizada da madame do "relaxa e goza", mas porque todo o contexto paulistano de dez anos atrás parece se repetir agora no cenário político nacional.
Naquela época, a então prefeita do PT tinha uma gestão bem avaliada pela ampla maioria dos eleitores de São Paulo. Começava aquele ano do pleito municipal favoritíssima à reeleição, após ter assumido a herança maldita das administrações de Paulo Maluf e de Celso Pitta, e colocado certa ordem na casa.
A prefeita Marta apresentava uma vitrine respeitável de realizações: criou e implantou o bilhete único no transporte; construiu 21 CEUs, centros de excelência na educação, na cultura e no lazer, instalados em pontos estratégicos da periferia; deu uniforme e material escolar a 1 milhão de crianças; transporte para mais de
100 mil alunos e criou 200 mil novas vagas nas escolas.
Mas não bastaram essas obras chamativas nem as ações cosméticas de Marta em 4 anos à frente da Prefeitura para convencer o eleitor a reeleger a deletéria gestão petista. E olhe que qualquer coisa teria sido muito melhor que as gestões anteriores, de Pitta e Maluf, principalmente nos quesitos ética, moralidade pública e transparência. Mas até aí o PT conseguiu naufragar.
O loteamento da administração entre vereadores (os mesmos que davam sustentação às ações mafiosas que o PT fingia combater enquanto liderava a oposição) foi o início do modus operandi que, anos depois, no governo federal, daria origem ao mensalão.
O aparelhamento da máquina pública, a cooPTação dos opositores, a partidarização de conselhos e movimentos populares, o fingimento de um governo popular e participativo quando na realidade tudo se dava com cartas marcadas, o desprezo pelos princípios democráticos e republicanos: tudo isso, lá como cá, são as marcas do PT. Tal Marta, tal Dilma.
E se a ex-prefeita espetou nas contas a pagar pelo seu sucessor um rombo de R$ 7 bilhões, a presidente Dilma supera esse valor num único gesto de incomPTência na área energética, resultando no maior e mais escandaloso estelionato eleitoral ("nunca antes visto na história deste país", para usar a frase-feita do todo poderoso Lula).
Se antes dizíamos ironicamente que a maior prova da incompetência de Dilma como gestora tinha sido quebrar sua lojinha de R$ 1,99 no passado, ela agora incrementa esse currículo com o rombo bilionário causado na Petrobras, para citar um único exemplo, o mais recente.
Mas quem se elegeu em 2010 com a fama de gerentona responsável e eficiente, a mãe do PAC, entra na disputa presidencial de 2014 completamente desmoralizada e desacreditada. Caiu a máscara do PT. As invenções de Lula, como Dilma e Haddad, antes tidas como toques de Midas, mostram-se um fracasso retumbante que não resistiram ao choque de realidade.
O eleitor não é bobo. Pode até ser enganado, eventual e momentaneamente, por uma boa propaganda e um discurso bem engendrado. Mas quando percebe a tentativa de engodo, a armação, a falácia, reage no voto e dá o rumo de casa, sem volta, para aquele governante que se julgava destinado ao caminho fácil da reeleição. Tchau, Dilma.