segunda-feira, 29 de julho de 2013

Querida presidente "tontinha" e o Brasil "lascado"!

"Gente, preciso ir. Estou tontinha da silva". A última frase da entrevista exclusiva de Dilma Roussef à Folha de S. Paulo deste domingo talvez seja a mais reveladora, ainda que involuntariamente. Veja aqui trechos da entrevista à "minha querida" (dela, Dilma) jornalista Mônica Bergamo.

A presidente se referia à gripe e à febre que a obrigaram a tomar remédios e que a teriam deixado com o estômago "lascado". Mas, do ínício ao fim, a entrevista que rendeu a manchete "Lula não vai voltar porque nunca saiu", nas palavras da própria Dilma (que agora embrulham o nosso estômago), mostra que "lascado" está o país, pagando o pato em dose dupla.

Se não bastasse o ar de arrogância que a presidente já não disfarça nas expressões do rosto ou na postura corporal, dispara vários "querida" e "minha querida" nas respostas à jornalista, no mesmo tom incômodo de superioridade com que trata a assessora a quem ordena que desligue o ar-condicionado no início da entrevista.

A presidente mostra uma visão completamente distorcida da realidade (tontinha da silva?), longe de compreender de fato o que significaram as manifestações nas ruas e os motivos que levaram a aprovação do seu governo a despencar nas pesquisas. Parece um ato falho quando Dilma confessa que talvez não resistisse à cegueira, sem se dar conta que politicamente ela e o PT já não enxergam bem faz tempo.

Elefante, cavalo ou urso?

Ela compara o Brasil a um elefante, que vai levantando uma perna de cada vez. "Mas é uma pernona que vai e poing, coloca lá na frente. Aí levanta a outra. Não galopa como um cavalo. Mas tem hora em que ele vira um urso bailarino". Oi? Afinal, é elefante, cavalo ou urso?

Além dessa confusa "revolução dos bichos" em uma única frase, totalmente desconexa, é preocupante também que Dilma se aproprie tanto dos ex-presidentes como "muletas" psicológicas.

Pois veja que esse recurso é recorrente: de Lula, faz questão de frisar a suposta proximidade e unidade entre criador e criatura, como se isso lhe desse uma espécie de "salvo-conduto" para não mudar o que está aí (incluindo a relação promíscua com a base governista e o elevado número de minnistérios).

De FHC, tira do bolso várias comparações simplórias que mostram, sob um aspecto subjetivo, como ela seria superior ao ex-presidente tucano (no cumprimento da meta de inflação, por exemplo). Nem os petistas compram mais esse discurso.

De Sarney, de quem se apropriou até da marca registrada "brasileiras e brasileiros", parece ter herdado também o esforço mal-sucedido de ser popular apelando para o populismo (estão aí as fotos ao lado do Papa e de presidentes sul-americanos, no melhor - ou pior - estilo retrô dos anos 80).

De Collor, reunindo todos as características da campanha eleitoral em que despontou como novidade e"salvador da pátria" aos escândalos que o levaram ao impeachment, passando pelo comportamento arrogante... (Bom, deixa pra lá!)