terça-feira, 6 de agosto de 2013

Movem-se as peças no tabuleiro eleitoral...

Como no jogo de xadrez, os presidenciáveis já se posicionam estrategicamente no tabuleiro eleitoral, cada peça diferente da outra, com seus valores simbólicos e movimentos específicos, quase sempre limitados à própria disposição das outras peças. Sabe-se que nem todas chegarão ao fim do jogo, mas todas são importantes na tática estabelecida contra o adversário: o xeque à "rainha" Dilma e ao "rei" Lula.

"Vale o diabo para ganhar uma eleição", decretou Dilma Roussef, majestosa na Presidência, enquanto Lula promete "colocar as unhas de fora" contra qualquer oponente. É típico do jogo: movimentos de ataque e defesa, às vezes sacrificando algumas peças menores para proteger as principais. Usa-se até a vinda do "bispo" ao Brasil e deslocamentos em "L" (de Volta, Lula?) do "cavalo" para chegar à vitória, mas os "peões" já foram às ruas e às redes manifestar a sua indignação e fazem ruir as "torres" partidárias.

Quem desponta hoje nas pesquisas com maior possibilidade de chegar ao eventual 2º turno contra a até então imbatível Dilma é a ex-senadora Marina Silva, nos movimentos decisivos para legalizar a sua Rede Sustentabilidade e poder concorrer às eleições. Se entra com vantagem por ter feito uma leitura correta, até se antecipando às manifestações pela "democratização da democracia", plainando acima dos partidos e instituições tradicionais, é também uma vulnerabilidade ter pouco tempo de TV e estrutura reduzida.

Além disso, o favoritismo de Marina - ao contrário da campanha de 2010, quando foi considerada uma espécie de "café com leite" na disputa e surpreendeu - vai motivar todo o tipo de ataque pesado dos adversários: de ex-companheiros do PT aos representantes do agronegócio, que a vêem como ameaça mortal, passando por ataques religiosos e às possíveis contradições entre o discurso pela "nova política" e os problemas cotidianos do seu recém-criado partido.

Também beneficiado pela queda de aprovação ao governo e pelo "recall" da eleição de 2010, quando obteve 43 milhões de votos (contra 55 milhões de Dilma e 19 milhões de Marina), ressurge no tabuleiro José Serra, que chegou a derrotar a presidente em oito estados (Acre, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina).

Tido como o mais experiente presidenciável, Serra disputou duas eleições (perdeu em 2002 para Lula e em 2010 para Dilma), já foi Senador, Ministro da Saúde, Governador e Prefeito de São Paulo. Em 2014, deve ser preterido pelo tucano Aécio Neves e por isso sinaliza que pode deixar o PSDB, articulando uma possível candidatura com amigos e aliados: o PPS de Roberto Freire, o PV de José Luiz Penna, o PTB de Roberto Jefferson e o PSD de Gilberto Kassab. A sua indefinição sobre o futuro e uma elevadíssima rejeição detectada nas pesquisas são os principais obstáculos.

Atual aliado de Dilma, inclusive com a participação de indicados no governo, mas um possível adversário em 2014 é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que vem apostando no esgotamento do modelo petista e surge como opção dissidente ao pregar que "é possível fazer mais e melhor". Assim como Serra, não deixa claro se disputará de fato a eleição, mas alimenta os boatos e incentiva que o coloquem como opção para protagonizar o período "pós-PT".

No PSDB, ainda o maior e mais estruturado partido de oposição ao PT, a candidatura do ex-governador e senador mineiro Aécio Neves parece consolidada, mesmo que não seja unânime. Com bom trânsito no setor empresarial e votação expressiva no seu Estado, surge como nova liderança entre os tucanos, mas enfrentará resistência pelo desgaste da saturada polarização PT x PSDB.


O PPS acompanha e analisa a movimentação das peças no tabuleiro: o que nos une é a estratégia de buscar o fortalecimento das oposições ao PT. De resto, há manifestações pró Serra, Eduardo, Marina e Aécio - que só vão se definir a partir do processo congressual do partido, que terá início no mês de agosto.  

A favor da candidatura de José Serra já se manifestaram, por exemplo, o próprio Roberto Freire, dirigentes, parlamentares e militantes que defendem uma "candidatura própria" do PPS. A maior divergência, no entanto, é sobre o tempo que Serra tem para se decidir: uns entendem que é necessário dar um prazo ao ex-governador, até o início dos congressos partidários, em agosto; outros que não devem "pressioná-lo", e que ele tem até 5 de outubro (um ano antes das eleições de 2014) como prazo legal para decidir se deixará o PSDB como potencial candidato.
O movimento pró-Marina inclui a chamada #REDE23, dirigentes, parlamentares e candidatos que retribuem abertamente o apoio da ex-senadora em 2012, como o vereador Ricardo Young (São Paulo), os candidatos a prefeito Eliziane Gama (São Luiz - MA) e Luciano Formighieri (Florianópolis - SC), o deputado estadual Luiz Castro (Manaus - AM), o vereador Edvaldo Hungaro (Itatiba - SP), o ambientalista Anivaldo Miranda, entre outros.

Algumas lideranças expressivas do PPS, como o deputado federal Arnaldo Jardim (SP), o prefeito de Vitória (ES), Luciano Rezende, e a coordenadora nacional da Juventude do partido, Raquel Dias (CE), por exemplo, têm declarada simpatia pela candidatura presidencial de Eduardo Campos, se confirmada, ou eventualmente de Marina Silva, saindo da polarização entre petistas e tucanos.


Sem esquecer que também afetará o resultado desse jogo outro tipo de "xadrez": aquele que os mensaleiros do PT devem enfrentar a partir de 2014. Condenados, atrás das grades!

A Executiva do PPS se reunirá no próximo dia 5 de agosto, em Brasília, para convocar reunião do Diretório Nacional, confirmar o calendário congressual do partido (congressos zonais e municipais devem ser realizados entre agosto e setembro; estaduais entre outubro e novembro; e o nacional em dezembro) e retomar o debate sobre a conjuntura política do país.

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