sábado, 30 de abril de 2011

Todos os partidos querem falar para a classe média

Em seu blog, o jornalista Fernando Rodrigues observa que a presidente Dilma Roussef passou também a focar a classe média nos novos comerciais do PT.

Engraçado: já tratamos desse assunto aqui, a necessidade de construirmos um partido para a juventude e para a classe média. Aí vieram, na sequência, Gilberto Kassab e Cláudio Lembo com o recém-criado PSD; Fernando Henrique com a proposta de refundação do PSDB; e agora o PT de Dilma e Lula.

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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Comissão das Mulheres do PPS se reune na sexta

A Comissão das Mulheres do PPS/SP, no uso de suas atribuições, convoca todas as mulheres filidas em São Paulo para reunião extraordinária a ser realizada nesta sexta-feira, dia 29 de abril, na sede regional (Rua Dona Germaine Burchard, 352 - Água Branca - São Paulo-SP).

A pauta é a preparação para o Congresso das Mulheres, e também para os congressos partidários (zonais, municipais, estaduais e nacional) que serão realizados neste ano em todo o país.

Informações com Rosa ou Sara pelos telefones (11) 3477-2388, 2157-8823, 3675-6492.

2012 já começou: política paulistana em ebulição!

Diziam os fatalistas que o mundo acabaria em 2012. Parece improvável. Mas uma coisa é clara: o mundo da política não será mais o mesmo - e a corrida eleitoral de 2012, quando serão eleitos prefeitos e vereadores, já faz tremer as estruturas e dissipar certezas.

A partir de São Paulo, epicentro do terremoto que sacode as bases partidárias, começam a ser definidos os cenários para 2012 e 2014. O prefeito Gilberto Kassab, recém-saído do DEM para formar o seu PSD, não pode por força da lei disputar outra reeleição, já que assumiu em 2006 o cargo deixado por José Serra (que disputou e venceu o Governo do Estado) e se reelegeu prefeito em 2008 (com apoio de Serra contra o tucano Alckmin).

As mudanças mais visíveis e polêmicas pré-2012 são a criação do novo PSD kassabista e o racha interno do PSDB, iniciado em 2006 - quando Alckmin atropelou os planos de Serra ser o candidato tucano à Presidência da República; agravado em 2008, com a insistência de Alckmin disputar a Prefeitura contra o sucessor de Serra, Gilberto Kassab; e escancarado agora, com a debandada de vereadores tucanos (pelo menos 7 dos 13 da bancada paulistana já anunciaram a desfiliação do PSDB em guerra declarada contra os alckmistas).

Mas a onda do tremor político paulistano vai se expandindo e atingindo as demais legendas. O PMDB ensaia lançar Gabriel Chalita (ex-PSDB e ex-PSB) à Prefeitura. Dentro da base kassabista, o nome mais forte, praticamente consolidado com o afastamento patrocinado pelo governador Geraldo Alckmin, é o vice-governador Guilherme Afif.

No que restar do PSDB, os alckmistas ensaiam o lançamento do deputado José Aníbal ou, cada vez mais impróvável, José Serra pode ser o nome para (re)unir todos os setores em busca da sobrevivência política. Porque o PT espera confortavelmente o fratricídio dos adversários para decidir entre os testados (e desgastados) Marta Suplicy e Aloizio Mercadante ou uma "novidade" como José Eduardo Cardozo ou Fernando Haddad, talvez o próximo ungido do todo-poderoso Lula.

Correm por fora Netinho de Paula (PCdoB) e Eduardo Jorge (PV) - de partidos que gravitam ora em torno do PT, ora em torno do próprio Kassab, aprofundando as incertezas para 2012.

Veja a que ponto chega essa espécie de esquizofrenia partidária: o nome do PMDB tende a ser Chalita, que é um alckmista dentro de uma legenda dilmista-kassabista, e que para tanto deve sair do PSB que também apóia Dilma e Kassab.

Para administrar o espólio do DEM pós-Kassab ficaram exatamente dois dos mais fiéis e históricos kassabistas, Rodrigo Garcia e Alexandre de Moraes. Vai entender...

Entre mortos e feridos, o PPS mandou fazer uma pesquisa de intenção de votos para a Prefeitura de São Paulo. Confirmando as nossas apostas, a ex-vereadora Soninha Francine desponta como segunda força em São Paulo para chegar a um eventual segundo turno contra o candidato petista da ocasião - e hoje certamente é o nome mais forte dentre todas as opções colocadas do "lado de cá".

terça-feira, 19 de abril de 2011

PPS debate o que funciona contra o crack

Organizado pelo PPS de São Paulo e dirigido pela ex-vereadora Soninha Francine, o Seminário “O crack e o enfrentamento social, legal e político” debateu estratégias, resultados e perspectivas nos âmbitos da saúde, legislação e políticas públicas a respeito da droga na noite desta segunda-feira na Câmara Municipal de São Paulo.

Participaram do debate como expositores os psiquiatras Ronaldo Laranjeira, da UNIFESP, e Thiago Marques, coordenador do setor de adultos do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, além do promotor de Justiça da área de Saúde Pública, Dr. Reynaldo Mapelli Junior, entre outros especialistas.

Veja aqui todos os detalhes do evento.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

FHC diz verdades inconvenientes e assusta PSDB

Primeiro os tucanos tentaram esconder os 8 anos de FHC na presidência, agora arrepiam as penas com a repercussão do artigo "O Papel da Oposição". Cá entre nós, esse distanciamento do poder tem feito bem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele vem falando verdades. Inconvenientes, talvez, mas verdades.

Muitas verdades não parecem muito oportunas na política. Quando alguém insiste em dizê-las, isso é bastante favorável. Quanto mais críticas são disparadas ao artigo de FHC, pelo simples fato dele não ter sido hipócrita e demagogo ao confessar a ineficácia da oposição para dialogar com o "povão", mais acertado é o diagnóstico.

O próprio Fernando Henrique Cardoso considerou "precipitadas" as reações ao seu artigo, a ser publicado na revista Interesse Nacional, mas que já foi divulgado pela internet.

"Primeiro, me espantei com o tamanho da repercussão. Afinal, o artigo nem saiu ainda na revista. Mas achei também precipitadas algumas reações. Sobretudo da oposição, que, pelo que percebi na imprensa, disse coisas que acabam fazendo o jogo do PT", afirmou FHC ao jornal O Estado de S. Paulo.

No artigo, o ex-presidente aprofunda uma análise sobre o que chama de "lulopetismo", defende seus oito anos na Presidência (entre 1995 e 2002) e faz fortes críticas ao PSDB. No trecho que acabou se tornando o foco central das reações, ele escreveu que, se os tucanos continuarem tentando dialogar com o "povão", acabarão "falando sozinhos".

Por isso, aconselha o partido a priorizar "as novas classes médias", gente mais jovem e ainda não ligada a partido nenhum e suscetível de ouvir a mensagem da social-democracia.

Na entrevista, o ex-presidente deteve-se um pouco mais no uso do termo "povão": "O que estou dizendo é que o PT e o governo dispõem de poderosos meios em amplos setores de camadas pobres mas cooptadas pelos sindicatos e pelas centrais sindicais." E adverte: "Também existe, é claro, um ‘povão’ nessa nova classe média".

Em seu entendimento, o ex-presidente não estava excluindo ninguém. O que ele pretendia era convencer as oposições a definir um foco de atuação. "Ora, eu venci duas eleições com o voto desse povão! Agora, temos de ter uma estratégia para esses setores mais sensíveis. Temos de fincar o pé na internet e nas redes sociais."

Leia aqui o artigo de Fernando Henrique Cardoso, "O Papel da Oposição".

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

PPS debate o crack e os seus efeitos destrutivos


Coordenado pela ex-vereadora Soninha Francine, o PPS realiza no próximo dia 18 de abril, na Câmara Municipal de São Paulo, um importante debate sobre o crack e os seus efeitos devastadores na sociedade e na juventude das grandes cidades.

A idéia é abordar o assunto sob três aspectos principais: Saúde; Lei e Direito; e Política. Da prevenção ao tratamento médico e psiquiátrico, passando por estratégias de repressão ao tráfico, os efeitos do consumo, assistência aos dependentes e familiares, ações oficiais e não-governamentais.

O crack, em razão do baixo custo e do fácil acesso, vem se tornando a principal e mais devastadora droga utilizada no Brasil. Resultante do aproveitamento do "lixo" da produção da cocaína, alcança o público de menor poder aquisitivo e causa, além da dependência física e psicológica, danos respiratórios e cerebrais irreversíveis.

Questão prioritária de saúde pública, com desdobramentos sociais, econômicos e culturais, o crack deve ser tratado com a profundidade e a seriedade que o tema exige. É isso que propõe o PPS: um debate aprofundado sobre a legislação atual e as políticas urbanas necessárias para o enfrentamento deste problema crônico.

O que funciona contra o CRACK?

Crack é uma das substâncias mais destrutivas que a sociedade humana já produziu para o seu consumo.

Os efeitos do uso são devastadores; a dependência é violenta e quase imediata. As conseqüências para a coletividade são desoladoras – desagregação familiar, degradação urbana.

Como lidar com isso?

Nos últimos anos, as ações contra o crack tem se intensificado. O poder público em São Paulo vem tentando minar a força da droga desde 2005. Mas o comércio e o uso aumentaram em todo país, seja nas metrópoles ou na zona rural, entre crianças e jovens ou adultos, de classe sócio-econômica alta ou baixa.

O PPS pretende discutir de maneira bem prática quais políticas tem se revelado bem-sucedidas e quais as dificuldades enfrentadas, de modo que possamos ser mais efetivos nessa luta contra o sofrimento.

O CRACK E O ENFRENTAMENTO SOCIAL, LEGAL E POLÍTICO
Local: Plenarinho da Câmara Municipal de São Paulo
Data: Segunda-feira, 18 de abril
Horário: 19h às 22h

terça-feira, 12 de abril de 2011

FHC também repete discurso da "classe média"

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende mudança de estratégia para rearticular as forças de oposição. É manchete dos principais jornais do dia.

Segundo o tucano, em vez de buscar o "povão", envolvido pelo PT, é hora de dirigir as ações para as "novas classes médias".

"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão', isto é, as massas carentes ou pouco informadas, falarão sozinhos".

Não por acaso, uma semana após o Blog do PPS ter postado o artigo "Um partido para a juventude e para a classe média", o jornal Valor publicava uma entrevista com o ex-governador paulista Claudio Lembo, pregando que a nova sigla fundada por ele, Guilherme Afif e Gilberto Kassab deve ser "o partido da classe média".

Com a nova classificação da classe média, que hoje reune 100 milhões de brasileiros, quem não quer isso? Mas será que qualquer partido está habilitado para atuar politicamente como representante deste eleitorado? Para determinadas siglas, dada a origem e o histórico, parece um tanto quanto inverossímil.

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dia do Jornalista, 7 de abril: um dia que vem a calhar

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lá." Voltaire, filósofo francês

Graças à libedade de imprensa, não precisamos substituir nossas postagens por poemas de Camões, mensagens cifradas ou receitas da Palmirinha "para nossas amiguinha" (sic), como muitos jornalistas foram obrigados a fazer, em diferentes épocas.

Se bem que ainda hoje tem gente que iria preferir essas amenidades aos assuntos mais contundentes tratados por aqui. Que pena! (e a "pena" sempre foi a arma do jornalista)

"Todos nós devemos saudar o dia do jornalista", afirma o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire. "Sem liberdade de imprensa - e para isso os jornalistas são atores essencias - não há democracia."

Esta é uma singela homenagem do Blog do PPS aos profissionais da imprensa e aos defensores intransigentes da liberdade de expressão. Uma lembrança especial aos que se iludem pensando que podem calar um jornalista a serviço da verdade.

A estes, um minuto de silêncio ;-)

Otávio Manente morre aos 55 anos

O ex-presidente da Câmara de São Bernardo, Otávio Manente (PPS), morreu na noite desta quarta-feira (06/04) aos 55 anos. Ex-secretário de obras do município, o ex-parlamentar estava hospitalizado desde o último domingo, no hospital Incor (Instituto do Coração).

O velório será realizado na Câmara Municipal de São Bernardo, entre 3h e 15h30 desta quinta-feira. A família programou um ato ecumênico no legislativo municipal, às 15h30. De lá, o cortejo partirá ao cemitério da Vila Alpina, onde o corpo será cremado.

Pai de dois filhos – o deputado estadual Alex Manente e o empresário André Manente – e avô de três netos, Otávio Manente era casado com Cecília Elisabeth Spinelli Manente.

Nascido na mesma cidade onde iniciou a vida pública, Otávio Manente dirigia o diretório municipal do PPS e era vice-presidente estadual do partido. Arquiteto e administrador de empresas, ingressou na prefeitura de São Bernardo em 1972. Em 1996, foi eleito vereador pela primeira vez, reeleito em 2000. No ano seguinte, assumiu a Secretaria de Obras da cidade.

Em 2008, foi novamente reeleito vereador, com 4.721 votos e assumiu a presidência da maior casa legislativa do Grande ABC. Nas últimas eleições, atuou como coordenador da campanha de reeleição de Alex Manente.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Efeito Bolsonaro e o marketing eleitoral da direita

Nas imagens acima, o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, e o cientista político Marco Aurélio Nogueira comentam as polêmicas declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) sobre negros e homossexuais.

Em entrevista ao programa "CQC" (Band) na semana passada, Bolsonaro disse que não corre o "risco" de ter um filho envolvido amorosamente com uma mulher negra (o que seria uma "promiscuidade") porque seus filhos foram "muito bem-educados".

O assunto rende uma polêmica infindável, que pode custar até a cassação do deputado. Porém, quem o conhece de longa data já sabe: ele vive disso. É puro marketing para atingir uma parcela do eleitorado que se sente representada por esse tipinho de político - parcela pequena (esperamos!), porém suficiente para elegê-lo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por que, afinal, um cidadão de bem faz política?

Desconfiança é a palavra-chave da política. Aquele que ousa se filiar a um partido, então, é praticamente execrado. Não é difícil entender os motivos de tanta aversão da sociedade pelos políticos. Basta uma passada de olhos pelo noticiário do dia. Porém, toda generalização é injusta - como toda unanimidade é burra.

No conceito geral, fazer política é praticamente uma confissão de culpa: o sujeito deve estar metido em algum trambique. Mas será mesmo que todo mundo que entra para a política é mal intencionado ou quer tirar alguma vantagem ilícita? O que leva, afinal, um cidadão de bem a se aventurar nesse mundo da política-partidária?

O Blog do PPS é quase uma trincheira da boa política. Travamos uma luta diária por mais democracia, justiça, solidariedade, cidadania, ética, igualdade de direitos e de oportunidades entre as pessoas, liberdade de ação, expressão e pensamento, respeito ao ser humano e ao meio ambiente, valorização da família e da comunidade, e uma defesa intransigente do direito à vida.

Dentro do possível, procuramos manter a isenção e o distanciamento crítico no acompanhamento do dia-a-dia da política. Porém, a ação de qualquer um na luta para que as pessoas tenham casa, comida, emprego, saúde, educação, segurança e sejam tratadas com respeito, dignidade e humanismo, fica bastante limitada se não houver um envolvimento direto no palco central dos acontecimentos: o meio político-partidário.

Isso não significa que fazer política seja concordar com as práticas usuais dos políticos, o fisiologismo, a burocracia, a improbidade administrativa, os esquemas de corrupção, a hipocrisia, a demagogia e o populismo, os desmandos e a preocupação com a defesa de interesses escusos e mesquinhos de grupos ou partidos em detrimento da maioria da população.

Temos por aqui vários exemplos de gente que, mesmo dentro da política, não perdeu a sua integridade, seriedade, honestidade, competência, coragem e arrojo na fiscalização das irregularidades cometidas pelos políticos e pelo poder público. Gente que permanece inabalável na defesa de seus princípios e ideais.

Ao contrário de pessoas que entram na política por interesse ou por vaidade, para ganhar fama e poder ou para garantir privilégios, há uns poucos que pretendem retribuir o que a vida e o trabalho honesto têm lhe proporcionado.

É possível desempenhar um papel político para garantir à maioria dos cidadãos um pouco das oportunidades, da felicidade e da qualidade de vida que hoje uma minoria possui. Se cada um fizer a sua parte com bom senso e boa vontade, podemos juntos atingir mais rapidamente os objetivos e ideais de uma sociedade mais justa, renovada, solidária, íntegra, pacífica e feliz.

Agora, se todos esses argumentos não bastarem, é sempre oportuno recorrer ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht, em seu "O Analfabeto Político":

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


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domingo, 3 de abril de 2011

O que é o que é? Não é centro, esquerda nem direita

Quando o prefeito paulistano Gilberto Kassab anuncia a criação de um novo partido político - mais uma entre 27 siglas nessa sopa de letrinhas - e diz que não se trata de uma legenda de esquerda, direita ou de centro, abre caminho para uma enxurrada de críticas. O que é, afinal, a agremiação kassabista? Estaria o PSD condenado a fazer água como um partido insípido, inodoro e incolor?

Em meio a discussões sobre a necessária reforma política, diante de uma crise que coloca os partidos e as instituições vinculadas aos três poderes como as que merecem maior descrédito da população, qualquer ideário de (re)fundação de um partido parece soar falso. Ou será que alguém discorda do receituário genérico e de frases feitas que quase todos os partidos propõem?

Não por acaso, uma semana após o Blog do PPS ter postado o artigo "Um partido para a juventude e para a classe média", o jornal Valor publicava uma entrevista com o ex-governador paulista Claudio Lembo, pregando que a nova sigla fundada por ele, Guilherme Afif e Gilberto Kassab dever ser "o partido da classe média".

Com a nova classificação da classe média, que hoje reune 100 milhões de brasileiros, quem não quer isso? Mas será que qualquer partido está habilitado para atuar politicamente como representante deste eleitorado? Para determinadas siglas, dada a origem e o histórico, parece um tanto quanto inverossímil.

Vale a pena ler o artigo autoexplicativo de Kassab, publicado na Folha de S. Paulo deste domingo.

O PSD, críticas e crenças

GILBERTO KASSAB

Criar um novo partido, reunir companheiros em torno de princípios: esse é um desafio que eu tinha o direito e que tenho o dever de enfrentar

O mundo caiu na minha cabeça. Dizem que eu tenho cabeça dura, mas tenho, acima de tudo, convicção da minha decisão e do caminho a seguir. Criar um novo partido, reunir companheiros em torno de princípios e da crença em outra maneira de fazer política -esse é um desafio que eu tinha o direito e que tenho o dever de enfrentar.

Tenho 17 anos de vida pública. Fui de vereador a prefeito. Como os que já viveram os embates da linha de frente da política e da administração pública, enfrentei dificuldades, tive bons e maus momentos.

Aprendi muito. Os que agora nos unimos no PSD (a exclusividade da denominação depende do registro da sigla na Justiça Eleitoral) teremos humildade para continuar aprendendo e seremos fortes e perseverantes nessa empreitada.

Acreditamos que chegará o momento da tão esperada concentração partidária. Mas o PSD crê que a experiência pluripartidária brasileira ainda não se esgotou. Tem características próprias, é ainda um processo em andamento.

Com as grandes transformações políticas das últimas duas décadas (tão recentes!) vividas pelo Brasil e pelo mundo, o PSD tem consciência do espaço a ocupar e das bandeiras a defender. Nossa Constituição é de 88, há muitas reformas a fazer. Entre elas, a reforma política. O PSD acredita que a discussão dessa concentração partidária, por exemplo, está no cerne da reforma.

Nas últimas décadas, tivemos governantes que se esforçaram para o avanço democrático e social e para o desenvolvimento econômico. Não foram de direita nem de esquerda. Não se submeteram a rótulos, tampouco se renderam a recaídas autoritárias.

Deixando o DEM, estranham que eu torça pelo sucesso da presidente Dilma. Que reconheça as virtudes de José Serra. Que faça parcerias administrativas com Geraldo Alckmin. A luta partidária não é conflitante com a convivência administrativa. Esse espírito federativo é uma das nossas bandeiras.

O PSD será uma trincheira de onde vamos defender nossos sonhos. Acreditamos na democracia, na liberdade, no exercício legítimo das forças do mercado, na atuação de um Estado ativo e cumpridor de suas ações sociais. Na atuação dos movimentos populares que defendam interesses legítimos, que contribuam para o fortalecimento da cidadania. O PSD acredita num governo guardião da lei, distante dos radicalismos, cada vez mais próximo dos que mais precisam.

Temos instituições fortes, mas nem por isso imunes às transformações: a democracia carrega os genes da autoavaliação e do aperfeiçoamento. Temos atores vigilantes, como a mídia, cada vez mais conscientes do seu papel. Temos um Judiciário cada vez mais independente e defensor das normas constitucionais e republicanas.

O Legislativo, como em todo o mundo democrático, enfrenta ainda hoje um forte fogo cruzado. Já foi humilhado, constrangido, perseguido, cassado. Com seus defeitos e qualidades, assumiu compromissos e se expôs. A classe política sabe que tem um dever com os eleitores que representa.

O PSD crê no amadurecimento da política, na participação ativa e crítica da sociedade, na transparência da administração, no desenvolvimento sustentável e na convivência altiva com parceiros internacionais que respeitem os direitos e a dignidade de seus cidadãos.

Estou trabalhando muito como prefeito de São Paulo -e nunca será o bastante, dada a dimensão dos problemas da nossa capital. Farei mais, lutarei até o fim do mandato.
Contudo, neste momento em que lançamos o PSD, não é hora de falar dos feitos nem de ficar olhando para trás, mas, sim, de pensar no futuro. Com desprendimento, espírito público e amor pelo país que queremos construir.

GILBERTO KASSAB engenheiro e economista, é prefeito da cidade de São Paulo. Foi secretário municipal de Planejamento (gestão Pitta).