segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Uma "forcinha" para a Força

A Folha de S. Paulo noticiou hoje que o Ministério do Trabalho, do ministro Carlos Lupi (presidente nacional do PDT), pagará à Força Sindical, presidida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (foto), o Paulinho (PDT), o dobro do que gasta o Estado de São Paulo, por exemplo, com treinamento e recolocação de mão-de-obra.

O Ministério do Trabalho decidiu repassar R$ 13,5 milhões à CNTM (Confederação Nacional de Trabalhadores Metalúrgicos), ligada à Força Sindical.

O repasse será feito com verbas do FAT pelo Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), que administra o dinheiro das contribuições do PIS/Pasep dos trabalhadores.

Pelo plano, o gasto por trabalhador desempregado recolocado será de R$ 195,33. É quase o dobro (97%) do despendido durante o ano passado pelo governo do Estado de São Paulo no mesmo serviço (R$ 99,25).

Na verba estão incluídos mais de R$ 1 milhão para aluguel, adaptação de imóvel, manutenção, segurança e conservação que serão gastos, em parte, no prédio da própria Força Sindical em São Paulo. É lá que a CNTM fará parte do trabalho.

O repasse foi viabilizado por Luiz Fernando Emediato, durante anos assessor da Força Sindical e de Paulinho, atual presidente do Codefat.

Semanas depois de assumir o cargo, Emediato assinou resolução (nº 560, de 28 de novembro de 2007) que permitiu esses convênios com entidades sem fins lucrativos, caso da CNTM. Operações desse tipo ficaram suspensas por anos após suspeitas de irregularidades, algumas envolvendo a Força Sindical e outras entidades.

Pelo plano final da CNTM, da verba total de R$ 13,5 milhões, R$ 7 milhões serão gastos na recolocação no mercado de 36.199 trabalhadores (R$ 195,33 cada). O plano inicial, modificado, previa 28.522 pessoas recolocadas, tornando o custo unitário maior.

Como comparação, São Paulo recolocou no mercado 140.320 pessoas em 2007 com R$ 14 milhões (R$ 99,25 cada). O Estado administra sozinho 47 centros de mão-de-obra e tem convênios em 158 pertencentes a prefeituras. A CNTM/Força Sindical pretende atuar com dois centros.

Os dois postos de atendimento administrados hoje pela Prefeitura de São Paulo (cuja Secretaria do Trabalho pertence também à "cota" do PDT) serão transferidos para a CNTM/FS.

No ano passado, o plano da prefeitura era recolocar no mercado 39.398 trabalhadores em suas seis unidades de atendimento. Agora, a CNTM/FS pretende recolocar quase a mesma quantidade (36.199) com apenas duas.

A verba do Codefat para a CNTM/FS inclui ainda R$ 4,5 milhões para "serviços de terceiros" destinados a qualificação de mão-de-obra. Pelas regras de qualquer convênio desse tipo, cada aluno deve consumir, no máximo, R$ 550 (R$ 2,75 a hora) no treinamento. No caso das duas unidades, elas teriam de treinar, em um ano, 8.200 trabalhadores.