quinta-feira, 5 de julho de 2007

Geração de bárbaros, selvagens, desumanos

O caso da empregada doméstica agredida por rapazes no Rio de Janeiro não é um fato isolado. A servente Nair Silva Alves, 67 anos, de uma escola de Dracena (interior de SP), teve dois braços quebrados e ferimentos em um dos olhos ao ser pisoteada por estudantes de 5ª a 8ª séries.

A professora D.N.S., de 44 anos, foi atingida por um golpe quando dava aula para uma turma da 8ª série na Escola Estadual Pedro Augusto Rangel, em Votorantim. Com o impacto, caiu e quebrou quatro dentes ao bater com o maxilar no chão. Ela afirma ter ficado “atordoada” e não sabe dizer em que circunstâncias o choque ocorreu. “A informação que tenho é de que havia dois alunos brincando ou brigando e que o golpe teria me atingido sem querer”.

A professora Eunice Martins dos Santos, de 47 anos, teve a mão direita prensada na porta de um banheiro e perdeu a ponta do dedo indicador na escola municipal onde dá aula, em São Bernardo do Campo, no ABC. Eunice disse que foi agredida por um aluno porque correu atrás dele. O garoto de dez anos teria se escondido no banheiro após o intervalo e não queria voltar para a sala de aula. Ela teria empurrado um pouco a porta da cabine, mas ele a bateu com força, atingindo o dedo da professora da 4ª série do ensino fundamental.

Outra professora, de 26 anos, levou socos no rosto e no pescoço de um de seus alunos, um adolescente de 15 anos. Ele cursava a 8ª série do ensino fundamental em uma escola pública de Suzano, na Grande São Paulo. A agressão começou porque o aluno discordou dos argumentos da professora sobre a escolha de um grupo que representaria a escola em um evento. Por não ter boas notas e bom comportamento, o adolescente foi um dos excluídos. Após o término da aula, o rapaz atacou a educadora.

“Ele me segurou pelo avental, pegou minha cabeça e começou a dar socos por cima”, relatou. O primeiro pensamento foi se defender das pancadas. “Eu tentei reagir, mas não consegui porque o garoto é mais alto do que eu. Nem sei como desci as escadas (para ir à direção)”. O resultado foi um olho roxo, hematomas e mãos machucadas.

Em Piraju, a 328 km de São Paulo, alunos incendiaram o carro da diretora da escola. Ela havia denunciado um deles à polícia. O carro da diretora foi incendiado dentro da garagem da casa dela. As janelas da casa e o telhado também foram atingidos. Os suspeitos são dois alunos de 15 e 16 anos.

Mais violência

Nas escolas de São José do Rio Preto, a 440 km da capital paulista, mais violência assusta os professores. Em uma das escolas, estudantes colocaram fogo numa cortina. Em outra, os vidros dos banheiros e os vasos sanitários foram quebrados.

A ocorrência mais grave quase terminou em tragédia: foi o caso do aluno de 14 anos que queimou com um isqueiro o cabelo de uma professora.

Mas não são somente os jovens que se envolvem em ocorrências deste tipo. No começo do ano, em Salto de Pirapora, na região de Sorocaba, uma professora foi agredida por uma aluna que freqüentava o curso de alfabetização para adultos. A estudante de 32 anos parou de estudar, mas alega que foi a professora que começou a briga.

Em Macatuba, a 315 km de São Paulo, um ato contra uma professora de biologia também virou caso de polícia. Trinta e cinco alunos do terceiro ano do ensino médio são suspeitos de despejar cola de secagem rápida na cadeira que ela ocupava. Ao sentar, a professora percebeu a umidade, mas, mesmo assim, acabou tendo a roupa rasgada e um pequeno ferimento na pele.

Onde estamos? Para onde vamos?