sábado, 30 de junho de 2007

Esporte, Ambiente, Juventude e Conselho Tutelar

O Diretório Municipal do PPS/SP convida para suas reuniões temáticas.

Nesta quarta-feira, 4 de julho, será realizado um Seminário de Esporte:Também no meio esportivo, a novidade é o Instituto de Integração Social "Futuro Brilhante", inaugurado neste sábado, 30 de junho, no auditório da Subprefeitura de São Meteus (Av. Ragueb Chohfi, 1.400), com um coffe-break a partir das 9h30.

Iniciativa do professor de Educação Física e gestor esportivo Jorge Luiz Setin, que é também presidente do diretório zonal de São Mateus do PPS, tem como objetivo promover a inclusão social de crianças e adolescentes por meio do esporte.

Meio Ambiente

Na quinta-feira, 12 de julho, às 19h, o secretariado de Meio Ambiente do Diretório Municipal paulistano promove reunião sobre Recursos Hídricos.

Na semana seguinte, 19 de julho, o tema do secretariado de Meio Ambiente será Política Urbana.

Formação e Políticas Públicas

No dia 13 de julho, às 19h, a Secretaria de Formação e Políticas Públicas do Diretório Municipal do PPS/SP promove reunião sobre os Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente, debatendo o calendário eleitoral de 2007 e as estratégias da militância do PPS.

Juventude

Na quarta-feira, 18 de julho, às 19h, o secretariado de Juventude do Diretório Municipal paulistano se reúne para discutir a Conferência Caio Prado Júnior, a conjuntura política e as eleições municipais de 2008.

Diretório Municipal do PPS/SP
Rua Dona Germaine Burchard, 352 - Água Branca
Informações: tel. 3477-2388 / 2157-8823

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Zulaiê conversa com Freire sobre filiação ao PPS

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, a advogada criminalista e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Zulaiê Cobra Ribeiro, e o promotor de justiça José Carlos Blat participaram hoje à tarde do programa "Gente que Fala", na rádio Trianon de São Paulo, apresentado por Liliane Ventura e dirigido por Fausto Camunha.

Entre os temas em pauta, debateram a crise da política nacional, a situação de Renan Calheiros no Senado e a violência em São Paulo (onde um menino de 7 anos viu os pais serem assassinados dentro do carro, em um assalto no Morumbi) e no Rio de Janeiro (19 pessoas foram mortas pela polícia no Complexo do Alemão, conjunto de favelas dominadas por traficantes).

Outro assunto em destaque foi o anunciado "namoro" entre Zulaiê e o PPS. Questionada por ouvintes do programa, a ex-deputada tucana confirmou que está a um passo de se filiar ao partido. "Hoje estou aqui para celebrar o noivado", afirmou Zulaiê, bem humorada, ao lado de Roberto Freire. "Em breve vamos anunciar o casamento."

Freire ressaltou que Zulaiê Cobra será uma aquisição significativa para o PPS e, a exemplo da juíza Denise Frossard, no Rio de Janeiro, qualifica o debate político, reforça a atuação do partido na oposição ao governo Lula e amplia o espaço das mulheres na disputa pela prefeitura de duas importantes capitais do país.

Leia aqui mais informações sobre Zulaiê Cobra Ribeiro.

Quem acredita em Bicho-Papão? E na Mega-Sena?

Não são monstrinhos como esse aí do lado, personagem da campanha publicitária da Caixa Econômica Federal, que deveriam preocupar os poupadores e contribuintes brasileiros.

O que deve meter medo de verdade em quem tem um pouquinho de percepção e consciência - além de boa dose de ceticismo - é a impressionante frequência do acúmulo da Mega-Sena.

Os últimos quatro sorteios não tiveram ganhadores. Desde o dia 13 de junho (do concurso 876 ao 879) que a premiação está acumulada, repetindo uma estranha rotina. Será mera coincidência, ou a fraude está tão escancarada que acaba passando batido?

Talvez estejamos enxergando um monstro onde ele não existe... Ou será que ele é mais feio que os "Poupançudos", os monstrinhos vencedores do Prêmio Top de Marketing ADVB 2007?

Babu, Zóio, Barrico, Badu, Ico, Balum, Neo e Jijo são os monstrinhos do bem. Mas ainda tem Delú, Vavá, Sibá, Paló, Genô, Lula, Zé...

Leia aqui as postagens anteriores sobre a Mega-Sena acumulada.

Lars Grael confirma participação em Conferência

Ícone do esporte brasileiro, o velejador e ex-secretário de Juventude, Esporte e Lazer do Estado de São Paulo (2003-2006), Lars Grael, confirmou hoje a sua participação na Conferência "Caio Prado Júnior", que o PPS realiza no mês de agosto, em Brasília, e concedeu entrevista exclusiva ao Blog do PPS/SP.

Lars Grael, 43 anos, paulistano, é casado com Renata Pellicano Grael e tem três filhos: Trine, Nicholas e Sofia.

Foi idealizador e fundador do Projeto Grael, hoje Instituto Rumo Náutico, no Rio, que daria origem ao Projeto Navegar, no âmbito federal, e o Navega São Paulo, na administração paulista, atendendo mais de 40 mil jovens.

Ao lado do irmão Torben, na classe Snipe, foi bi-campeão brasileiro e campeão mundial. No Tornado, Lars conquistou duas medalhas de Bronze nas Olimpíadas de Seul (1988) e Atlanta (1996), foi pentacampeão sul-americano, 10 vezes campeão brasileiro e campeão de tradicionais semanas de vela, como a de Kiel, na Alemanha. Lars participou ainda dos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), terminando em 7º lugar, e Barcelona (1992), em 8º. Compete até hoje nas classes Star e Oceano.

Atualmente é presidente da Comissão Nacional de Atletas, membro do Conselho Nacional de Esporte e "Embaixador das Águas" da WWF no Brasil.

Veja a entrevista de Lars Grael ao Blog do PPS/SP:

Na sua opinião, Lars, o que é ser de esquerda hoje no Brasil?

Ser esquerda é a defesa do interesse prioritário do cidadão, do contribuinte, da sociedade brasileira em detrimento aos interesses cartoriais reinantes no país. É optar por um socialismo democrático que concilie desenvolvimento social e econômico, em harmonia com uma política de livre mercado. É defender a universalização do conhecimento e da educação e garantir ao povo brasileiro cidadania, justiça equânime, saúde pública, segurança e bem-estar.

Para o eleitorado, ainda existe uma diferença clara entre esquerda, centro e direita?

Infelizmente não. Podemos agrupar os pensamentos ideológicos em cinco ou seis grupos, mas o sistema partidário nacional está lotado de 30 siglas desfiguradas de programas, retóricas anacrônicas e coerência ideológica.

Houve uma mistura promíscua entre partidos que se agrupam por interesses momentâneos ou regionais e sem a menor coerência de classificação por esquerda ou direita. Não encontramos a divisão entre o líquido e o sólido, tudo é meio pastoso e pasteurizado. O cenário nivelou-se por baixo.

Por que os partidos políticos vivem hoje uma crise de identidade?

Porque o Brasil perdeu o momento para uma ampla reforma política. Pela discrepância entre a retórica e a prática. Os partidos não possuem coerência e trocam de posições e bandeiras sem o menor constrangimento. A falta de fidelidade partidária permite uma revoada de políticos para as hostes governistas em troca de favores, recompensas, fatias do poder e de mecanismos impuros de aliciamento. O sistema está desacreditado.

Qual a importância da Conferência Caio Prado Júnior, realizada para discutir a esquerda democrática e um projeto para o Brasil?

Fundamental. A esquerda precisa atualizar seu discurso com novo programa, novos ideais, novas metas e priorizar valores que estavam na periferia do debate como: Meio-Ambiente, Esporte, Cultura, Lazer, Matriz Energética, Defesa e Soberania Nacional.

O PT, considerado o maior partido da esquerda no Brasil, construiu uma ampla aliança partidária para exercer o poder e se viu envolvido em denúncias de corrupção e escândalos. Estes fatos podem trazer alguma consequência para os partidos de esquerda hoje e no futuro?

Já trouxeram. O PT poderá pagar um alto preço pela incoerência. Sentirá o peso de uma aliança que, para garantir a permanência no poder, aliou-se a partidos, políticos e práticas opostas à sua pregação histórica. Por outro lado, mantem prestígio popular, uma vez que logrou êxito em migrar de um discurso esquerdista para uma agenda populista e apelativa. O PT precisará buscar um novo alinhamento ideológico.


Leia aqui mais informações sobre Lars Grael.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Veja as ferramentas de Comunicação do PPS/SP

Além deste Blog do PPS/SP, estão no ar o site do PPS-SP Estadual e o site municipal PPS-SAMPA.

São todas ferramentas integradas da Comunicação do PPS, um passo decisivo para tornar mais ágil, moderno e eficaz todo o processamento de informações do partido, tanto para o seu público interno (militantes, dirigentes, candidatos, parlamentares) quanto para a sociedade.

Veja aqui também todas as realizações e a mobilização do PPS/SP para a Conferência "Caio Prado Júnior", painel de debates sobre os rumos da esquerda democrática e um projeto viável para o Brasil.

O site estadual abre espaço para todos os municípios, deputados estaduais, federais, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, que têm acesso facilitado a todo tipo de notícias sobre o partido.

Já o site municipal paulistano traz um raio-x completo do PPS na Capital, com indicadores da sua atuação política, notícias para filiados e simpatizantes, divulgação da agenda de eventos, relação de todos os seus dirigentes e representantes eleitos, balanço da atuação do diretório, arquivo de documentos partidários, link direto para o site nacional do PPS e um espaço interativo.

Veja também o link para os e-mails e sites pessoais dos parlamentares do PPS/SP (deputados federais, estaduais e vereadores paulistanos).

Artigo: O Brasil e seus valores

FERNANDO RODRIGUES *

A pesquisa nacional CNT/Sensus divulgada ontem traz um dado a respeito do pensamento do brasileiro médio: 57,9% dos entrevistados responderam ser a favor de "censura prévia a programas de TV". Outros 35,9% são contra. Só 6,3% não opinaram.

A pergunta foi clara e direta: "O sr. é a favor ou contra a censura prévia a programas de TV?". Há duas hipóteses principais para esse apoio à censura prévia. Ambas são desalentadoras.

A primeira possibilidade é simples e óbvia. Muitos não entenderam a pergunta. Não possuem ferramental cognitivo suficiente para interpretar o significado completo da expressão "censura prévia". Sem surpresas. Aqui é o Brasil. Fazemos campanha para eleger o Cristo Redentor uma maravilha da humanidade, mas o nível educacional continua pré-histórico.

A segunda hipótese é ainda pior.

Muitos responderam de maneira convicta. Preferem um censor assistindo a tudo antes de os programas irem ao ar. Em resumo, saudades do nhonhô (no cenário atual, o Estado) assumindo todos os riscos e tomando as decisões.

A terceirização da responsabilidade fica explícita em outro trecho da pesquisa. Só 38% se dão ao trabalho de selecionar os programas de TV vistos pelos filhos. Repassar o serviço ao sensor é mais cômodo.

Ricardo Guedes, diretor do Sensus e coordenador da pesquisa, acrescenta uma explicação: "Esse apoio à "censura" também apareceu num levantamento anterior. Relaciona-se a uma preocupação com o nível geral das TVs. Mas sem dúvida revela um traço conservador já conhecido do brasileiro".

Em resumo, a inexistência da liberdade de escolha como um valor disseminado na sociedade. Brasil.

*

Em tempo: a mesma pesquisa mostra aprovação de 64% para o desempenho pessoal de Lula.


* Fernando Rodrigues, jornalista, desde 1987 na Folha de S. Paulo, foi repórter, editor de Economia, correspondente em Nova York (1988), Tóquio (1990) e Washington (1990-91). Na Sucursal de Brasília da Folha desde 1996, assina a coluna Brasília, na página 2 do jornal, às segundas, quartas e sábados.

Lula permanece antiaderente à sujeira da política

A nova Pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem, em Brasília, pela Confederação Nacional do Transporte, mostra que 47,5% da população aprova o governo Lula, enquanto 64% avalia positivamente o próprio Lula. Confirmação óbvia: Lula continua sendo maior que o PT, o governo e todo esse mar de lama da política nacional.

Por outro lado, 14% dos entrevistados avaliam negativamente o governo, enquanto 29,8% desaprovam Lula. É um "ame ou odeie", numa proporção de quase dois amores para um ódio.

Segundo a pesquisa, os índices de aprovação do governo e do Presidente da República mantêm-se em razão do desempenho da economia, da geração de emprego e de renda e dos programas sociais.

Recuperação na Economia

Dos entrevistados, 47,5% consideram que a política econômica do governo tem sido conduzida de forma adequada e 40,6% a entendem como inadequada. Em agosto de 2006, os índices eram, respectivamente, 36,0% e 46,3%.

Reforma desconhecida

A Reforma Política - que está sendo discutida pelo Congresso Nacional – é conhecida por apenas 46,8% dos entrevistados, enquanto 51,5% desconhecem o assunto.

Sobre o financiamento público de campanhas eleitorais, só 18,7% se dizem a favor e 75,2% são contra.

O voto em lista é aprovado por menos gente ainda: 16,5%, diante de 74% contrários.

Preferência partidária

A Pesquisa CNT/Sensus também quis saber a preferência partidária do brasileiro: o PT ficou com 10,0%; o PMDB, com 4,7% e o PSDB, com 3,6%.

Veja aqui a pesquisa na íntegra.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Entrevista: José Dirceu, a voz e o cérebro do PT

Dando continuidade às contribuições para a Conferência Caio Prado Júnior, que pretende debater os rumos da esquerda democrática no Brasil, publicamos hoje entrevista exclusiva do ex-presidente do PT e ex-deputado José Dirceu ao Blog do PPS/SP.

José Dirceu de Oliveira e Silva é advogado, graduado pela PUC de São Paulo. Líder do movimento estudantil, foi preso e cassado pela ditadura militar em 1968. Participou ativamente da fundação do PT, em 1980, do movimento pela anistia e também da coordenação da campanha pelas eleições diretas para presidente (1984).

Em São Paulo, foi eleito deputado estadual, em 1986, e deputado federal, em 1990, 1998 e 2002, quando obteve 556.563 votos — o segundo mais votado do país.

Na Câmara dos Deputados, assinou, com Eduardo Suplicy, requerimento propondo a "CPI do PC", que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Também participou da formulação dos projetos de reforma do Judiciário, da Segurança Pública e do sistema político.

Em 1994, foi candidato ao governo paulista e recebeu 2.085.190 votos. Em 1995, assumiu a presidência do PT, tendo ocupado o cargo até 2002, quando se licenciou. Integrante da coordenação das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 1989, 1994 e 1998, foi o coordenador-geral em 2002. Com a vitória de Lula em 2002, assumiu a função de coordenador político da equipe de transição.

Em janeiro de 2003, Dirceu foi nomeado ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República, permanecendo no cargo até junho de 2005, quando retornou à Câmara para fazer a defesa de seu mandato, cassado em dezembro do mesmo ano.

Em 2006, foi citado em denúncia da Procuradoria Geral da República, da qual está se defendendo no Supremo Tribunal Federal.

José Dirceu se diz, desde 2002, "vítima de acusações infundadas". Lembra ainda que foi "sistematicamente inocentado, na CPI da Loterj, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, e na CPI dos Bingos, no Senado Federal". Além disso, afirma que o Tribunal de Contas da União declarou legais contratos mencionados em denúncias que citavam seu nome.

Acompanhe a entrevista de José Dirceu ao Blog do PPS/SP:

Na sua opinião, José Dirceu, o que é ser de esquerda hoje no Brasil?

Em primeiro lugar, ser de esquerda no Brasil é ser contra a direita. É ser contra o conservadorismo e a favor de um Estado que promova o desenvolvimento, não de um Estado mínimo. É ser a favor do projeto de desenvolvimento nacional e da cidadania no Brasil. Ser de esquerda é ser a favor da justiça social antes de mais nada. Toda a política de desenvolvimento e crescimento econômico necessita ter como objetivo, diminuir a desigualdade e a pobreza no Brasil.

Ser de esquerda é alargar e aprofundar a democracia e lutar pela igualdade, contra a discriminação e o preconceito, particularmente, contra o racismo e todo o tipo de discriminação contra os homossexuais e o portador de deficiência. Ser de esquerda é lutar pela paz no mundo, pela preservação do meio ambiente. É estar ao lado da juventude brasileira na sua luta por dignidade. Ser de esquerda é antes de mais nada, ser a favor da igualdade, da justiça e da liberdade.

Para o eleitorado, ainda existe uma diferença clara entre esquerda, centro e direita?

Sim, as pesquisas e as eleições mostram isso. Evidentemente, há um espectro partidário e de voto no Brasil que vai da extrema-esquerda até a direita, não diria extrema direita porque nós não temos isso no Brasil.

Você tem do PSOL ao PFL, e as posições correspondem a isso. Se você analisar as posições do PT, do PDT, do PSB e do PPS e do PV, você verá que elas têm uma base comum, mas depois se diferenciam num espectro, onde alguns partidos tendem mais a uma aliança com a direita e outros mais ao centro. Inclusive, por não haver uma maioria no país, e diante da necessidade de fazer estas alianças como é o caso do PT.

Dizer que não existe mais esquerda e nem direita no Brasil, é negar o que houve na última eleição, que no segundo turno, o eleitorado optou claramente por Lula e por um projeto político diferenciado daquilo que na memória do eleitorado, representou o governo Fernando Henrique Cardoso: as privatizações, a abertura econômica do país, a idéia do Estado mínimo.

O eleitorado distingue claramente os partidos conforme suas idéias e programas; eles representam setores e classes sociais brasileiras. Eles podem não ter o caráter consolidado de partido político, porque a legislação brasileira e o sistema político eleitoral brasileiro não ajudam, não há fidelidade, não há financiamento público, e o mais grave, o voto é uninominal.

Nós temos que manter o voto proporcional, mas temos que caminhar para o financiamento, fidelidade e voto em lista, até para os partidos ganharem um perfil político programático para o eleitorado.

Por que os partidos políticos vivem hoje uma crise de identidade?

Alguns partidos vivem. De uma maneira geral, os partidos sempre estão em crise porque precisam se adaptar às mudanças que ocorrem no mundo e no Brasil. Um partido surge em determinado momento, a partir de uma realidade histórica, com um determinado conjunto de idéias, produto de uma determinada circunstância e lutas político-sociais de um momento determinado.

Foi o caso do PT e do PCB, do qual surgiu o PPS, por exemplo; ou PV que surgiu em determinado momento; ou PCdoB que surgiu na década de 60 no rompimento com o Partido Comunista Brasileiro; o PDT que era na verdade herdeiro do PTB, do qual foi roubada a sigla pela ditadura, o nome deveria ser PTB até hoje. Existem dois PTBs na verdade.

Então, os partidos podem viver crises de identidade, não é que todos os partidos vivem de crise de identidade. O PFL, por exemplo, que virou DEM – Partido Democrático, vive uma profunda crise de liderança, programa, proposta e identidade. O PSDB também, inclusive um partido profundamente dividido hoje, mas é ainda um partido forte.

O PT vive num momento de renovação e reforma, mas nos seus 27 anos, ele já se renovou e reformou muitas vezes. Havia uma falsa idéia de que o PT iria afundar nas eleições de 2006, mas ele foi o partido mais votado da Câmara, reelegeu governadores em estados importantes e o Lula se reelegeu.

Então, eu diria que os partidos podem e vivem crises de identidade, mas essas crises são crises de crescimento, crises porque o partido perdeu a sua base social ou deixou de responder a ela, ou as suas idéias e propostas estão ultrapassadas pelas mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais que acontecem no mundo. É preciso ver cada caso. Eu não diria que há uma crise de identidade generalizada no país.

Qual a importância da Conferência Caio Prado Júnior, realizada para discutir a esquerda democrática e um projeto para o Brasil?

Eu acho fundamental, importantíssima, inclusive, quero saudar a Conferência porque considero fantástico que os partidos que são de esquerda e reivindicam o socialismo, debatam e discutam o Brasil sem medo, e busquem novos caminhos, propostas e soluções para os graves problemas que o nosso povo tem, e os desafios que o Brasil tem e que não são poucos.

Por mais que se faça no governo, por mais que o Lula tenha feito no primeiro governo e está fazendo no segundo com o PAC, o Plano de Desenvolvimento da Educação e tantas medidas, é evidente que se não tivermos um debate democrático, não confrontarmos as políticas e não buscarmos uma síntese democrática, nós não contribuiremos para que o Brasil encontre os seus caminhos.

O PT, considerado o maior partido da esquerda no Brasil, construiu uma ampla aliança partidária para exercer o poder e se viu envolvido em denúncias de corrupção e escândalos. Estes fatos podem trazer alguma consequência para os partidos de esquerda hoje e no futuro?

Evidente que traz conseqüências quando você é envolvido em denúncias de corrupção. Ser envolvido em denúncias de corrupção não é a mesma coisa de ser conivente ou prevaricar com a corrupção, são denúncias de corrupção na administração pública. É preciso ver qual é a participação de ministros do partido do governo.

Caixa 2 é uma coisa, corrupção é outra. Ainda que o Caixa 2 seja ilegal e deva acabar – e o PT está respondendo por isso na justiça comum e eleitoral – outros partidos fizeram e não estão respondendo.

Dois casos que saltam à vista são a compra de votos no período da reeleição, a famosa planilha Bresser em 98, que era o Caixa 2 da campanha Fernando Henrique; e a cobrança na justiça comum de uma dívida de comitê de Campanha de um candidato do PSDB em 2002, de 32 milhões de reais, que não foi declarado na justiça eleitoral. Então, o problema de Caixa 2 é muito mais amplo.

De denúncias, o próprio PPS viu um deputado seu envolvido em denúncias e foi até o Supremo, que o inocentou. Acho que não se deve pré-julgar, deve haver a presunção da inocência e dar o direito do processo legal e o ônus da prova ao acusador.

Eu não acredito que a crise que houve tenha afetado de forma definitiva nenhum partido, o PT ou outro partido de esquerda, mas ela mostra que é preciso reformar o sistema político eleitoral brasileiro. Os partidos precisam deixar de fazer uso do caixa 2.

Agora, eu não diria que há provas de corrupção do governo do presidente Lula, nem que o PT tenha sido conivente ou praticado corrupção. É preciso aguardar a justiça. Se valeu isso para o deputado Raul Jungmann, tem que valer também para os que no PT, como no meu caso, estão acusados. Aliás eu só estou acusado, nem processo existe ainda, porque o Supremo ainda não decidiu sobre a denúncia do procurador geral da República.

As políticas assistenciais do governo Lula, que tem o Bolsa-Família como carro-chefe, são eficazes no combate à pobreza e à miséria? Essas medidas podem ser consideradas políticas de esquerda? Por que?

Primeiramente, não são só políticas assistenciais. O Bolsa Família não existe sozinho, o governo Lula criou uma série de outros programas de políticas públicas, porque isso é política pública.

Existe Lei de Assistência Social, a Previdência Social e programas sociais como o Bolsa Família, mas também o Saúde Bucal o Brasil Sorridente, a Campanha Contra o Analfabetismo, o Médico de Família, a Farmácia Popular, o Apoio à Agricultura Familiar, o PROUNI, o Pró-Jovem. Um conjunto de políticas necessárias e indispensáveis para atacar problemas emergentes e urgentes.

Aliado a isso, o governo criou 4 milhões e meio de empregos formais, aumentou o valor do salário mínimo real, aumentou o valor das pensões, a cesta básica caiu, a inflação foi muito reduzida.

O Brasil teve um crescimento do emprego e da renda, teve também um crescimento dos recursos que são aportados para as áreas de políticas públicas.

Eu diria que ainda há muito a fazer, por isso são importantes o Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado agora, a universalização do ensino médio, a profissionalização do ensino, como também uma melhora na qualidade, aumentando o piso salarial dos professores e professoras, e depois a capacitação dos professores, avaliação.

Ou seja, há uma política na área de educação, da saúde pública com a consolidação dos SUS. Há uma política na área da Agricultura Familiar, uma política de emprego e renda e também o Bolsa Família, que é uma política emergente, mas que também tem uma porta de saída.

O Bolsa Família não existe sozinho, além da presença da escola, do pré-natal, medicina preventiva. Há toda uma série de programas que vem crescendo e que procura alfabetizar, dar o crédito e a possibilidade de ter uma renda, um emprego. E também o emprego no país. Se o país cresce agora 6 ou 7% e cresce 2 milhões de emprego por ano, evidentemente, o Bolsa Família vai perdendo o seu papel.

Evidente que o Bolsa Família é uma política de esquerda, porque se combater a fome e a miséria não é objetivo da esquerda... Se você tem fome e não pode dar uma renda para a sua família poder se alimentar, poder se alfabetizar, poder mandar o filho na escola e entrar na cidadania, inclusive, com acesso a emprego e a renda. Se isso não é uma política de esquerda, eu não sei o que é uma política de esquerda.

A reforma política que se discute no Congresso propõe mudanças pontuais, como maior rigor na fidelidade partidária, introdução de listas partidárias fechadas nas eleições, financiamento público de campanha, cláusula de barreira etc., além de colocar em debate temas como o voto distrital e o parlamentarismo. Qual a sua opinião sobre a reforma?

Uma reforma política mínima, que resolva o principal problema do Brasil neste momento, que é a infidelidade partidária, o troca-troca de partidos, a falta de maiorias no Congresso, e, cada vez maior, a influência do poder econômico e das emendas parlamentares, licitações e das empresas no processo eleitoral.

Você pode proibir a coligação proporcional, diminuir a cláusula de barreiras para 2% e tomar outras medidas, mas o urgente e necessário é a fidelidade partidária, o financiamento público e o voto em lista, ou o voto distrital misto proporcional – mas como este depende de emenda constitucional, é mais complexo.

Se nós queremos atacar o principal problema que se revelou nos últimos dez anos na política brasileira, que é o Caixa 2 e que começa em 98, como a própria investigação mostrou em Minas Gerais, e tem sintomas da existência desse Caixa 2 em todos os partidos políticos, em todo o sistema eleitoral, em todo o processo desde vereador, prefeito até presidente da república, eu acredito que a reforma necessária, urgente e possível é essa.

Os seus, os meus, os nossos filhos

É revoltante o assalto e espancamento da empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32 anos, em um ponto de ônibus, por cinco jovens de classe média alta, entre 19 e 21 anos, moradores na Barra da Tijuca (RJ). Veja aqui.

Ela seguia para uma consulta médica. Foi abordada e agredida "por engano". O motivo dos agressores, bastante singelo: "Pensamos que fosse uma prostituta."

O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, 46, pai de um dos agressores, disse acreditar que o filho Rubens Arruda, 19, estava alcoolizado ou drogado quando participou do espancamento da empregada doméstica. "Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa?", pergunta.

Ele complementa: "Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso". Talvez sim, talvez não. Difícil dizer. Quem tem filhos, sabe que eles não são "controláveis" 24 horas por dia. Até que ponto a formação que têm em casa e a base familiar impedem que um jovem cometa atrocidades como essa?

"Existem crimes piores", diz o pai do jovem agressor. Será? Qual a escala desse julgamento subjetivo? Piores aos olhos de quem bate ou de quem apanha? A filosofia do "estupra, mas não mata" está disseminada na sociedade?

O pai prossegue: "Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores."

Há dez anos, cinco rapazes de classe média de Brasília atearam fogo e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Alegaram "brincadeira". Quatro maiores foram condenados a 14 anos de prisão. Eron Chaves de Oliveira, Max Rogério Alves, Antonio Novély Cardoso Vilanova e Tomás Oliveira de Almeida cumpriram parte da pena em regime fechado. Já estão na rua.

Como bem comparou o jornalista Nelson de Sá, na Folha de hoje:

Jovens não, bandidos

Ontem na Globo, sobre episódio no Rio de Janeiro:

- Grupo espancou e roubou empregada. Os jovens são de classe média alta... Jovens moradores de condomínios de luxo da Barra... Jovens... Os jovens são o centro desta questão perturbadora.

Dias antes na Globo, sobre episódio em São Paulo:

- Quadrilha aterrorizou moradores do Morumbi. Assalto a casa de luxo... Vários bandidos.

Para um lado, um "grupo" de "jovens". Para outro, uma "quadrilha" de "bandidos".

Chimpanzés são capazes de ato generoso...

Cientistas alemães comprovam que chimpanzés são capazes de ato generoso... Infelizmente, alguns humanos não são.

O estudo demonstrou altruísmo entre esses macacos. Desempenho de bebês humanos de um ano e meio e de macacos foi parecido.

Deve ser por isso. Se comparassem com alguns humanos de mais idade, talvez os macacos teriam sido superiores.

Leia a matéria:

Houve um período em que os antropólogos e estudiosos da evolução humana achavam que a capacidade de altruísmo desinteressado (ou, como diriam nossas avós, de "fazer o bem sem olhar a quem") fosse atributo exclusivo de uma espécie, o Homo sapiens. Essa crença acaba de cair por terra.

Cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, apresentam em um estudo publicado ontem a evidência mais forte até agora de que os chimpanzés, primos-irmãos dos humanos, são capazes de ajudar os outros sem ganhar nada em troca.

O estudo, que comparou a generosidade de crianças alemãs de 18 meses e a de chimpanzés semicativos de Uganda, sai na edição de julho do periódico científico "PLoS Biology" (www.plosbiology.org).

Desde Charles Darwin os estudiosos da evolução se batem em torno do altruísmo. Afinal, se a seleção natural beneficia o mais apto a sobreviver, não deveria haver motivo para a generosidade (que muitas vezes implica em custo ou risco de vida para quem a pratica) na natureza. Darwin chegou a confessar que o altruísmo era um mistério para ele.

Na década de 1970, a ciência achou que tinha resolvido a questão: o altruísmo demonstrado pelos animais, inclusive os macacos, sempre beneficiava parentes (portanto, mesmo que houvesse prejuízo para o indivíduo, os genes da família se beneficiariam) ou tinha uma expectativa de retorno imediato ("uma mão lava a outra"). O altruísmo genuíno permanecia um bastião da humanidade.

Nos últimos anos, primatologistas têm observado aqui e ali evidências de altruísmo genuíno também entre os chimpanzés. Para tirar a teima, o grupo do Max Planck, liderado por Felix Warneken, bolou três experimentos bem criativos.

No primeiro, 36 chimpanzés e 36 bebês viam um humano desconhecido ter um objeto roubado por outro humano e colocado atrás de uma grade, ao alcance do altruísta em potencial. Mesmo sem ganhar nenhuma recompensa, bebês e macacos pareciam se apiedar do estranho ao vê-lo tentando pegar o bibelô e, na maioria das vezes, alcançavam-no para ele.

No segundo experimento, barreiras eram colocadas para dificultar o acesso ao objeto, criando, assim, um "custo" para o ato generoso. Mesmo assim, a boa ação era praticada.

Mas o terceiro experimento, feito só com chimpanzés, foi a prova dos noves: um macaco precisava abrir uma porta para que outro, sem nenhum parentesco, pudesse entrar numa jaula em busca de comida.

Mesmo sabendo que não iam ganhar nada, 80% dos animais ajudavam. "O resultado do experimento três surpreendeu até a mim, o maior crente em empatia e altruísmo entre os primatas", escreveu Frans De Waal, da Universidade Emory (EUA), famoso por seus estudos com chimpanzés.

Conclusão de Warneken e colegas: "As raízes do altruísmo humano podem ser mais profundas do que se imaginava, chegando até o ancestral comum entre humanos e chimpanzés". E mais: "Os grupos culturais humanos podem ter criado mecanismos sociais únicos para preservar e fomentar o altruísmo. Mas eles cultivaram essa propensão em vez de tê-la implantado na psique".


Veja vídeo dos experimentos: 1 e 2.

ESPN exibe entrevista de Freire a Juca Kfouri

Deve ir ao ar hoje à noite o programa "Juca Entrevista", às 20h30, pelo canal ESPN Brasil, com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, torcedor fanático do Sport Club do Recife e ex-jogador da seleção pernambucana de basquete.

Juca Kfouri e Roberto Freire falaram das alegrias e dos escândalos do futebol, do Pan-Americano do Rio com seu orçamento elástico, que deverá ser investigado posteriormente, e, como não poderia deixar de ser, da situação política do país e até da conferência da esquerda democrática "Caio Prado Júnior", que o PPS vem promovendo desde fevereiro.

Aproveite para rever aqui a entrevista exclusiva de Juca Kfouri ao Blog do PPS/SP. Releia também o último post sobre o Pan do Rio.

São Mateus inaugura instituto "Futuro Brilhante"

Também no meio esportivo, a novidade é o Instituto de Integração Social "Futuro Brilhante", que será inaugurado neste sábado, 30 de junho, no auditório da Subprefeitura de São Meteus (Av. Ragueb Chohfi, 1.400), com um coffe-break a partir das 9h30.

Iniciativa do professor de Educação Física e gestor esportivo Jorge Luiz Setin, que é também presidente do diretório zonal de São Mateus do PPS, tem como objetivo promover a inclusão social de crianças e adolescentes por meio do esporte.

Reuniões sobre Meio Ambiente e Conselho Tutelar

O PPS/SP convida para outras duas reuniões temáticas.

Nesta quinta-feira, 28 de junho, às 19h, o secretariado de Meio Ambiente do Diretório Municipal paulistano promove a última reunião ordinária do semestre, que discutirá a seguinte pauta:

1) Avaliação do seminário de resíduos sólidos;

2) Fechamento de agenda:

2.1) Dia 12 de julho: Recursos Hídricos

2.2) Dia 19 de julho: Política Urbana

3) Planejamento para elaboração do documento do Secretariado para a Conferência Caio Prado Júnior;

4) Rotina mensal de reuniões ordinárias para o 2º Semestre.

No dia 13 de julho, às 19h, a Secretaria de Formação e Políticas Públicas do Diretório Municipal do PPS/SP promove reunião sobre os Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente, debatendo o calendário eleitoral de 2007 e as estratégias da militância do PPS.

Diretório Municipal do PPS/SP
Rua Dona Germaine Burchard, 352 - Água Branca
Informações: tel. 3477-2388 / 2157-8823

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O que é ser de esquerda hoje?

“Caminhante, não há caminho; faz-se caminho ao andar.”

(António Machado, poeta espanhol)

A quem ainda vislumbra uma utopia de esquerda, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos mais assusta do que empolga ao afirmar que o “Socialismo do século 21” está se desenhando na agenda política de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).

Por sua vez, o político e intelectual mexicano Jorge Castañeda entende que há dois tipos de esquerda na América Latina. De um lado, “a boa esquerda”, que seria “reformista, moderna e aberta a novas idéias”, presente, segundo ele, no Chile e em parte das esquerdas brasileira e uruguaia. De outro, aquela representada por Chávez, Morales, Fidel e Kirchner, que seria a “esquerda burra, nacionalista, barulhenta e mentalmente fechada”.

A Conferência "Caio Prado Júnior", encontro suprapartidário que o PPS promoverá no mês de agosto, em Brasília, pretende debater o que é uma esquerda moderna, suas características e o seu projeto transformador para o Brasil, em homenagem ao centenário de nascimento do historiador marxista Caio Prado Júnior (1907-1990).

Reuniões preparatórias estão sendo organizadas em todo o país. Propostas, análises, teses, críticas e sugestões são recebidas pelo PPS e publicadas em um site específico (www.ccpj.org.br).

Personalidades como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Roberto Freire (PPS), Jarbas Vasconcelos (PMDB), Luiza Erundina (PSB), Cristóvam Buarque (PDT) e Fernando Gabeira (PV), entre outros, já estão integrados à conferência política que tem como objetivo contribuir para que a esquerda brasileira defina um projeto para o Brasil, inclusive redefinindo-se como esquerda. Essa é a crise pela qual passa o pensamento progressista em todo o mundo.

Temas como juventude, meio ambiente, crescimento econômico, justiça social, desenvolvimento e distribuição de renda devem estar entre as prioridades dos debatedores.

A necessidade de abrir um amplo e profundo debate com vários setores da sociedade brasileira fundamenta-se diante da constatação de que todos os grandes partidos da esquerda e centro-esquerda, desde a redemocratização, já chegaram ao poder central do país e não atenderam às expectativas de mudanças e de enfrentamento das desigualdades sociais e regionais.

Não é por acaso que a política e os políticos são vistos com desconfiança e até desprezo por ampla e crescente parcela dos brasileiros. Além dos exemplos deploráveis retratados diariamente nos jornais, há toda essa desmontagem dos paradigmas que nortearam utopias e concepções transformadoras ao longo das últimas décadas.

Não existe, em contrapartida, a substituição por modelos que possam reorientar a política até então chamada de esquerda, que historicamente resguardava padrões éticos consagrados pela luta a favor de dias melhores e mais felizes para todos, e buscava concretizar de forma coerente os ideais democráticos, da cidadania plena e da justiça social.

A esquerda parou em uma encruzilhada: ou busca compreender as novas realidades (regionais e mundial), identificando novas formas de enfrentar a complexa transição entre a sociedade industrial e a emergente sociedade do conhecimento, fruto sobretudo de uma célere revolução científico-tecnológica, ou vai ruir definitivamente nestes modelos arcaicos de Chávez e Morales.

Em uma sociedade cada vez mais individualista e predatória, o desafio é como manter viva uma política referenciada pela participação popular, fomentando uma esquerda moderna e democrática, com uma agenda de profundas reformas capazes de dar novo rumo ao país, de forma a superar e deixar para trás práticas e comportamentos que corrompem, que desmobilizam a consciência crítica, que assaltam os recursos do Estado e, assim, colocam o próprio processo democrático em risco.

Neste mix de personagens latinos, concluo com uma frase do cineasta argentino Fernando Birri, citada pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano: “A utopia está no horizonte. Eu sei perfeitamente que nunca a alcançarei. Se eu caminho dois passos, ela se afasta dois passos. Se eu dou dez passos, ela fica dez passos mais distantes. Para que ela serve então? Serve para isso: para caminhar.”

Maurício Huertas, jornalista, secretário de Comunicação do PPS/SP.

domingo, 24 de junho de 2007

Viva! Hoje é Dia de São João!


Reality Show de gosto duvidoso

Tem gente que reclama do péssimo nível da programação da TV. Tá certo. Ninguém aguenta mais assistir programinha água-com-açúcar. Bom mesmo é acompanhar a política nacional.

Hoje ficamos sabendo que a jornalista Mônica Veloso "amou demais" o senador Renan Calheiros. "Amei, amei muito. Ele é um homem extremamente inteligente".

Por outro lado, descobrimos que "homem é mesmo muito besta!", segundo a esposa Verônica Calheiros.

Janete Clair e Dias Gomes não teriam feito melhor.

Mais três frases de Mônica Veloso:

* "Essa história não é nenhuma novidade. Jantávamos em restaurantes, íamos a lançamentos de livros, a eventos no próprio Senado. Até porque inicialmente ele me disse que estava separado."

* "A solidariedade que eu recebi veio dos meus amigos, da minha família, que sabem a minha história de vida, sabem que eu não sou uma alpinista social. Eu não precisava em hipótese nenhuma me envolver em um relacionamento para me beneficiar."

* "Até agora ninguém me ligou (com proposta para posar nua). Para eu poder fazer um comentário precisaria ser uma coisa oficial, mostrando como seria feito. Sem isso não dá nem para fazer conjectura."


Outras três frases de Verônica Calheiros:

* "Renan foi a maior vítima nisso tudo. Ele e a criança. Ele, claro, também tem culpa, porque todo ser humano é falho. Mas todos sabem que existe um assédio em cima dos representantes do poder. Fiquei surpresa por ele ter caído..."

* “Durmo com meu marido toda noite! Isso foi uma coisa rápida, no período em eu estava viajando, me preparando para ajudar na campanha política do meu filho (Renan Calheiros Filho, eleito em 2004 prefeito da cidade de Murici, em Alagoas).”

* “Ele não é promíscuo, apenas errou, contou tudo a quem devia ter contado e se desculpou. Eu escolhi perdoar, mas antes disse a ele: ‘Se você estiver apaixonado por ela, eu seguro a barra, meu filho’. A princípio, sou contra separações. Mas não vou segurar um vaso todo colado porque uma hora as peças se soltam."

Artigo: Do épico à chanchada

RUBENS RICUPERO *

Dois discursos de defesa separados por 142 anos balizam o naufrágio do Senado. O primeiro, de Paranhos, foi épico na duração e substância. O segundo, do atual presidente da Casa, não passou de farsa com sotaque brasileiro de chanchada.

Em "O Velho Senado", Machado de Assis fez o retrato quase cinematográfico da sessão de 5 de junho de 1865. Plenipotenciário no Prata, Paranhos assinara a convenção para pôr fim à interminável Guerra Grande uruguaia, ganhando a República Oriental como aliada no conflito recém-começado com o Paraguai.

O "Diário do Rio", para o qual Machado cobria o Senado, atacara o acordo como demasiado concessivo, provocando a demissão do futuro Visconde do Rio Branco. Este, de volta à Corte, foi defender-se no Senado.

"Não a vaidade, senhor presidente...", as primeiras palavras, lembra o autor de "Dom Casmurro", foram antes bradadas que ditas. O senador por Mato Grosso começou a falar à uma hora da tarde. "Paranhos costumava falar com moderação e pausa; firmava os dedos, erguia-os para o gesto lento e sóbrio, ou então para chamar os punhos da camisa, e a voz ia saindo meditada e colorida."

Conclui Machado: "Eram nove horas da noite quando ele acabou; estava como no princípio, nenhum sinal de fadiga nele nem no auditório, que o aplaudiu. Foi uma das mais fundas impressões que me deixou a eloqüência parlamentar".

Comparar ao momento épico do Senado o orador, o assunto sórdido e, sobretudo, o cúmplice auditório da farsa em curso seria covardia. Tudo no contraste com aquele longínquo passado causa vergonha. Lembrava Machado de Assis: "Os senadores compareciam regularmente ao trabalho. Era raro não haver sessão por falta de quórum. Uma particularidade do tempo é que muitos vinham em carruagem própria" (não em carro oficial). "Nenhum tumulto nas sessões. A atenção era grande e constante."

Mais que a assiduidade e outros aspectos formais, o que seduz na evocação machadiana é a dignidade, a força, a gravitas romana dos chefes políticos, Eusébio, Zacarias, Olinda, Nabuco de Araújo, Paranhos.

Dir-se-á que nada disso tinha muito a ver com o país real, que era escravagista. O que se perdeu em cultura e decoro ter-se-ia ganho na representatividade do Congresso, que, reza a opinião convencional, teria a "cara" do povo real.

Seria verdade se os novos compensassem a rusticidade e incultura com a operosidade e o senso prático de empresários. Ou se fossem eficazes advogados dos pobres. Ora, o que temos é Congresso mais relevante para produzir escândalos que para legislar ou investigar.

A própria representação é relativa. Os escolhidos pelo Imperador provinham, ao menos, de lista de votados. Os suplentes atuais devem o lugar ao arbítrio ou ao dinheiro para a campanha, como admitiu grotesco exemplar da categoria.

O Brasil do presente é melhor que o de Machado de Assis em muito, mas não em tudo, a começar pela ausência do "Bruxo do Cosme Velho".

Negar isso não é ciência, mas a usual complacência brasileira com os próprios defeitos.

Ao ler Machado, temos pena de não mais podermos sentir, como ele, respeito pelos políticos. Consola-nos, porém, pensar como Domício da Gama: "Machado de Assis, Euclides da Cunha, Joaquim Nabuco fazem falta ao meu coração de brasileiro confiado no futuro de uma nação que teve dessas inteligências".

* RUBENS RICUPERO, 70, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco). Escreve quinzenalmente, aos domingos, na Folha de S. Paulo.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Rebeldes sem causa encerram manifestação

"Quanto mais vazia a carroça está, mais barulho ela faz."

Os estudantes e agitadores de carteirinha que invadiram há 50 dias a reitoria da USP aprovaram ontem à noite, em assembléia, uma proposta apresentada em carta pela reitora da universidade, Suely Vilela, para desocupação do prédio até as 16h de hoje.

A "conquista" dos manifestantes: transporte e alimentação no campus nos fins de semana, ampliação das moradias estudantis e reforma de prédios da universidade.

A USP tem 80.589 alunos e 5.222 professores absolutamente privilegiados. Dá uma média de 15 alunos por professor. Compare isso à grande massa de universidades pagas e imagine a distorção.

São 2.165 universidades, faculdades e centros universitários no país, oferecendo 20.407 cursos de ensino superior. Há 4,5 milhões de universitários, o que representa apenas 10,9% da população brasileira de 18 a 24 anos. A USP representa 1,8% desse universo.

Segundo o Anuário Estatístico da USP de 2006, seu orçamento executado em 2005 foi de aproximadamente R$ 1, 9 bilhão. Ou seja, cada estudante da USP custa cerca de R$ 23.500 reais aos cofres públicos.

Este dinheiro vem de uma parcela fixa do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado - 9,57% - que é repassada às universidades públicas de São Paulo. Em 2006, isso representou 4 bilhões de reais.

Na USP, um quinto do orçamento de custeio é destinado à assistência estudantil, o que inclui moradias, subsídios à alimentação, consultas médicas, transporte e diversos tipos de bolsa de auxílio.

Menos de 1% do corpo discente da USP conseguiu paralisar por dois meses a instituição. A maioria silenciosa, resignada, aceitou.

Ora, vão se catar! Manifestem-se pela melhoria da Educação no país. Pensem na maioria! Tenham consciência crítica!

Falta ética na política? Vai reclamar com o Bispo!

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem a seguinte nota sobre o momento político atual:

DEMOCRACIA E ÉTICA

Nós, Bispos do Conselho Permanente da CNBB, acompanhamos, perplexos, com todo o povo brasileiro, o momento político atual.

São freqüentes as denúncias de corrupção em várias instâncias dos Três Poderes. Cresce a indignação ética diante da violação de valores fundamentais para a sociedade. A ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção.

A denúncia do profeta Isaías vale também hoje: "eles gostam de subornos, correm atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva nem chega até eles" (Is 1,23).

Por isso, as palavras do apóstolo Paulo são apropriadas para este momento: "Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12,21).

A corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia. A crise, decorrente da falta de consciência moral, é estimulada pela ganância e marcada pelos corporativismos históricos, que utilizam as estruturas de poder para benefício próprio e de grupos.

Os empobrecidos são os mais prejudicados com o desvio das verbas públicas. Os poderes constituídos precisam assumir sua responsabilidade diante da corrupção e da impunidade.

Urge também uma profunda reforma do atual sistema político, não limitada à revisão do sistema eleitoral. É necessário aprimorar os mecanismos da democracia representativa e favorecer a democracia participativa; a regulamentação do Art. 14 da Constituição Federal oferece esta possibilidade de participação por meio de referendos, plebiscitos e conselhos. A experiência de participação popular na política é uma conquista e um patrimônio precioso da sociedade.

O povo brasileiro precisa recuperar a esperança. A credibilidade e a legitimidade de nossas instituições serão asseguradas pela apuração da verdade dos fatos, pela restituição dos bens públicos apropriados ilicitamente e pela punição dos delituosos.

Queremos estimular os cristãos que, em nome da sua fé, se engajam no mundo da política, dizendo-lhes que vale a pena dedicar-se à nobre causa do bem comum. O exercício responsável da cidadania é um imperativo ético para todos.

Conclamamos as pessoas de boa vontade e as organizações da sociedade a se posicionarem com coragem, repudiando os desmandos e a impunidade, construindo uma convivência social sadia e velando pelo exercício do poder com honestidade.

Esta crise política poderá se tornar uma ocasião de amadurecimento das instituições democráticas do País, se levar a um comprometimento maior com a verdade que nos liberta e com a luta por um Brasil justo, solidário e livre, onde "justiça e paz se abraçarão" (Sl 85,11).

Déjà vu

Passageiros que não conseguiram voar dormem no saguão do aeroporto de Cumbica, em São Paulo, na madrugada desta sexta-feira. A foto é de Patrícia Santos, da Agência Estado. A incompetência é desse governinho chinfrim de Lula e Marta Suplicy. Na próxima eleição, relaxa e vota! (Direito).

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Ex-prefeito petista de Mauá vendeu até trecho de rio

Essa é sensacional: tem gente que vende gato por lebre, outros que comercializam terrenos na lua ou lotes no paraíso, mas o ex-prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), inovou ao vender, por R$ 39,3 mil, em 2004, o trecho de um rio que corta o município.

A informação é do jornal Diário do Grande ABC de hoje: Dos 3 quilômetros de extensão do afluente do Rio Tamanduateí, 26 metros foram adquiridos pela empresa Albertson do Brasil, na Vila João Ramalho (Mauá), na Grande São Paulo.

A transação feita pelo petista fere o artigo 180 da Constituição do Estado, que descreve: “As áreas definidas em projeto de loteamento como verdes ou institucionais não poderão, em qualquer hipótese, ter a sua destinação, fim e objetivos originariamente estabelecidos, alterados.”

Para legalizar a venda da área onde está situado o rio, o petista sancionou a lei 3584, em 16 de junho de 2003, que, na prática, transformou um bem de uso comum da população – assim como uma rua ou uma praça – em um produto vendável. A negociação do rio à empresa foi parcelada: R$ 5 mil no ato da assinatura do contrato, em 21 de outubro de 2004, e mais 10 parcelas de R$ 3,4 mil.

Leia aqui a reportagem original.

Mídia destaca ação pela liberdade de expressão

Mereceu destaque em toda a imprensa a iniciativa do PPS, que entrou ontem no STF com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a portaria do Ministério da Justiça que permite censura prévia da programação das redes de TV.

Na foto, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, o ator e vereador carioca Stepan Nercessian e o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Fernando Coruja, no STF.

Veja aqui o comentário do Blog do PPS/SP sobre a censura.

Câmara de SP promove debate sobre célula-tronco

A Câmara Municipal de São Paulo promoveu nesta quarta-feira à noite uma discussão sobre o uso de células-tronco em pesquisas científicas, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a convite da vereadora Mara Gabrilli (PSDB).

Coordenado pela jornalista Silvia Poppovic, o debate contou com a presença, além de FHC e da vereadora proponente do evento, do governador do Estado de São Paulo, José Serra, do presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, do secretário da Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, da deputada estadual Célia Leão (PSDB) e de vários vereadores paulistanos.

Os debatedores foram: Mayana Zatz, professora de Genética Humana da USP; Erickson Gavazza Marques, presidente da Comissão Bioética, Biotecnologia e Biodireito da OAB-SP; Frederico Antonio Gracia, presidente da Comissão de Direito das Pessoas com Deficiência da OAB-SP; Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP; Lygia Pereira, professora e chefe do laboratório de genética molecular do Instituto de Biociências da USP; Nilka Donadio, diretora do Centro de Técnicas em Reprodução Assistida (Pró-Embryo); Edson Borges, presidente da Associação Instituto Sapitientiae; Jorge Forbes, psicanalista e médico psiquiatra; Abib Maldaun Neto, médico nutrologista; e Ieda Verreschi, professora de Endocrinologia da Universidade Federal de São Paulo.

A idéia do evento foi debater os diferentes aspectos da pesquisa com o uso de células embrionárias para tentar influenciar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto. Em maio de 2005, a Procuradoria-Geral da República entrou com uma Ação de Inconstitucionalidade (ADIN) contra pontos da Lei de Biossegurança que autorizam a pesquisa e terapia com células-tronco embrionárias.

Tomando como base a discussão desta noite, a idéia é encaminhar um outro documento antes do Supremo emitir o parecer final sobre a ADIN.

A vereadora Mara Gabrilli falou sobre seu interesse na questão, motivado pelo acidente que sofreu há 13 anos. "O que me fez entrar na política foi a constatação de que era necessário alguém lutar pelos direitos dos deficientes. Desde então a minha trajetória foi pautada pela vontade de ajudar a vida cotidiana das pessoas portadores de deficiências."

O ex-presidente FHC se pronunciou favorável à pesquisa com células-tronco embrionárias, mas destacou a dificuldade da decisão do STF. "A questão sobre quando começa a vida é infinita, vai durar enquanto a humanidade permanecer. Como é praticamente impossível determinar o início, espero que o Supremo decida com base nos anseios da sociedade e na necessidade da pesquisa científica, que vai abrir uma janela de oportunidades para aqueles que trabalham pelo bem da humanidade."

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Roberto Justus pisa na bola ao subestimar o Chile

"O meu maior defeito ERA me achar dono da verdade". Emblemática a frase de Roberto (in)Justus, o modesto.

No seu programa "Aprendiz 4, o Sócio" de ontem à noite, Justus revelou aquele que teria sido o seu maior defeito (como se já o tivesse superado), e três minutos depois humilhou o antepenúltimo dos candidatos eliminados do programa por dois motivos que lhe pareceram pecados mortais:

1) O "aprendiz" Pedro Frazão cometeu a heresia de errar a grafia do nome do apresentador: escreveu Justos.

2) O candidato mencionou ainda o desejo hipotético de, em cinco anos, ter a sua agência de tendências em sociedade com Justus (a proposta que lhe valeu a seleção no programa) expandindo para países da América do Sul, citando Santiago do Chile como nova "Capital de Negócios da América Latina".

O sarcasmo de Roberto Justus foi revelador da sua prepotência e, pior, ignorância (ao tentar ridicularizar o candidato que eliminou e tachá-lo de mal informado, foi o apresentador quem revelou que mantém o mesmo defeito que pensava ter superado: julga-se o "dono da verdade").

Justus desconhece, mas a revista América Economia, por exemplo, no mercado editorial há 21 anos, para citar uma única fonte, aponta há dois anos seguidos Santiago do Chile em primeiro lugar no ranking das melhores cidades da América Latina para se fazer negócios.

O apresentador debochou do candidato a sócio que em cinco anos desejava expandir "apenas" para países sul-americanos, e menosprezou assim potenciais mercados que não estariam à altura de uma metrópole como São Paulo.

Pobre Justus. Recomendo que, entre suas aplicações de Botox, a leitura de Caras e uma ida e outra a Nova York, informe-se um pouquinho mais sobre o Chile e os países do Mercosul.

Só pra finalizar: até as moscas que rondam os estúdios da TV Record estão zumbindo por aí que o ganhador do programa, futuro sócio de Justus, será o candidato Tiago de Aguiar Pereira.

A conferir.

Artigo de Clóvis Rossi: Esquerda, volver

CLÓVIS ROSSI *

Uma faixa estendida num casarão de Potsdam grita: "Hier ist die Linke".

Tomo até um susto quando a vejo. Avisar que "aqui está a esquerda" é coisa que parecia pertencer à história. Mais ainda quando a esquerda se reapresenta justamente na Alemanha, um dos raros países que menos a necessitam, se por esquerda se entender a velha acepção de corrente cuja prioridade máxima era a busca da justiça social.

Uso o verbo no passado porque a esquerda, em todo o mundo, só fala de justiça social da boca para fora.

Desde pelo menos a queda do Muro de Berlim, há quase 20 anos, anda às tontas buscando adaptar-se de qualquer forma ao capitalismo puro e duro e/ou à ordem.

Na Alemanha, no entanto, o fim de semana marcou o lançamento de um novo partido ("Die Linke", "A Esquerda"). Seu principal líder é um dissidente da social-democracia chamado Oskar Lafontaine, que já foi até ministro da Economia, no começo do governo Gerhard Schröeder, social-democrata que levou o partido para o centro.

O jornal espanhol "El País" informa que "Die Link" tem um potencial de votos de 24% em todo o país.

O novo partido é formado também pelos antigos e reciclados comunistas da Alemanha Oriental. Juntos, dissidentes da social-democracia e ex-comunistas já tem 54 deputados no Parlamento, em um total de 614.

Nas eleições mais recentes (setembro de 2005) tiveram 8,7% dos votos, a quarta força eleitoral, atrás da democracia-cristã, da social-democracia e dos liberais, os três grandes. Compare com os resultados do PSOL e dos partidos trotskistas no Brasil, tudo o que sobrou de esquerda depois da adesão do PT ao conservadorismo e a outras práticas nada ideológicas.

É cedo para dizer se "Die Linke" veio para ficar. Tomara que sim, não por alguma simpatia especial por ela, mas porque dá cor a um debate que se tornou monocromático em demasia.


(* artigo publicado na Folha de S. Paulo de hoje)

terça-feira, 19 de junho de 2007

No governo petista sempre cabe mais um!

Dentre todas as ações do governo Lula nos últimos cinco anos, uma faz inegável sucesso: a Bolsa-Família, ou, para ser mais preciso, o socorro do cappo di tutti cappi ao bolso da "famiglia" petista.

A última iniciativa lulista neste sentido foi criar hoje mais 660 cargos de confiança a um custo mensal de R$ 2,65 milhões. A medida cria também a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, brinquedinho virtual entregue ao filósofo Roberto Mangabeira Unger.

Segundo a assessoria do Ministério do Planejamento, dos novos cargos, 83 serão destinados à recém-criada secretaria. A maior parte (224) irá para a Secretaria do Patrimônio da União (SPU). As superintendências de desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia (Sudene e Sudam) terão direito a 140 cargos.

Fora isso, foi publicada uma medida provisória que reajustou em até 140% a remuneração dos cargos comissionados. Entre eles, os chamados DAS (Direção e Assessoramentos Superiores) e as Funções Gratificadas (FG).

A maior parte dos cargos criados hoje refere-se ao nível DAS-2: 200 cargos, que tiveram um reajuste de 79,38% na remuneração, passando de R$ 1.403 para R$ 2.518.

Para os maiores cargos, o reajuste foi de 37,93% ao DAS-6, de R$ 7.575 para R$ 10.448; e de 32,01% ao DAS-5, de R$ 6.363 para R$ 8.400.

Ao todo, o governo passa a ter 22.223 cargos de confiança. Lembrando que o PT desconta automaticamente uma "contribuição" salarial dos filiados ocupantes de cargos comissionados.

Mamma mia!

São Paulo agradece Marta Suplicy

A sexóloga e dublê de ministra Marta Suplicy pode ter todos os defeitos do mundo, mas demonstra ser uma mulher coerente. Mandou "relaxar e gozar", e não foi à toa. Deu o maior motivo para isso: avisou que não pretende ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2008. Ufa!

Os 1.039 marajás do Ministério Público

Casa de ferreiro, espeto de pau. O Ministério Público tem 1.039 salários acima do teto de R$ 22,1 mil. Uai, o MP fiscaliza os três poderes, mas quem fiscaliza os abusos desse órgão nababesco?

O Estado que mais pagou salários acima do teto foi o Rio de Janeiro, com 275 casos. Depois está São Paulo, com 251 registros, seguido por Rio Grande do Sul, com 91; Mato Grosso do Sul, com 57; e Rio Grande do Norte, com 50 casos.

Obviamente, o MP tem um papel republicano e democrático fundamental. Porém, é preciso que o órgão tenha total transparência e o estrito respeito às leis, para que possa também atuar com isenção.

Precisamos compreender mais a fundo as funções do Ministério Público, até para que possamos distinguir o papel investigativo desempenhado pelos promotores – que não pode jamais ser o de simplesmente se portar como polícia ou juiz, nem meramente supor, imaginar, conjeturar e muito menos proferir sentença condenatória contra qualquer pessoa, principalmente quando detentora de um mandato popular, legitimamente eleita, como fazem com uma naturalidade preocupante.

O MP é um órgão que constitucionalmente se encarrega de promover a defesa dos interesses coletivos. Teoricamente, cada um dos seus membros age segundo sua própria consciência jurídica, com submissão exclusivamente ao direito, sem ingerência do Poder Executivo, nem dos juizes ou mesmo dos órgãos superiores do MP. Tem autonomia funcional e administrativa. Seus integrantes estão vinculados apenas à lei, ingressam na carreira mediante concurso de provas e títulos, têm irredutibilidade de vencimentos, vitaliciedade após dois anos de exercício (não podendo perder o cargo, se não por sentença judicial transitada em julgado), e inamovibilidade (salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado componente do próprio MP, por voto de 2/3 de seus membros, assegurada ampla defesa).

Ou seja, há tamanha garantia de independência e inatacabilidade dos promotores públicos que, opondo-os à vulnerabilidade daqueles que estão sujeitos às suas ações, cria-se conseqüentemente uma situação de constrangimento e iniqüidade – reforçadas pela quase subserviência da mídia.

Por tudo isso, a revelação de que o MP mantém seus marajás em desrespeito à lei é preocupante.

A reencarnação de Dona Solange, rainha da tesoura

Dona Solange é quase um mito. Assim ficou conhecida uma das censoras mais famosas dos tempos da ditadura, Solange Maria Teixeira Hernandes. Pensava-se que a censura prévia tinha ficado perdida no ralo da história, mas o governo Lula conseguiu ressuscitá-la.

Dona Solange ressurge agora na pele de José Eduardo Elias Romão, advogado de apenas 33 anos.

Quem esse sujeito pensa que é para, em nome do Estado, dizer previamente o que eu posso ou não posso assistir na TV da minha casa? Porteiro do céu? Deus? Jesus? A julgar pela sigla do órgão, um misto disso tudo: Romão é diretor do Dejus (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça). Dejus???? Ora, ora...

Nesta quarta-feira, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, deve entrar com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal contra a portaria do governo que determina a classificação prévia dos programas de TV e define os horários adequados de exibição.

A nova Dona Solange argumenta que seu departamento não tem nenhum poder de policiar, tampouco de punir, só de monitorar. Segundo o Dejus Superstar, "quando constata uma violação, encaminha ao Ministério Público, que decide se vai ou não à Justiça, com ampla possibilidade de participação das emissoras de TV". Sei.

Sucrilhos

Romão debocha do bom senso dos cidadãos e ridiculariza a (ir)responsabilidade dos empresários do setor de comunicação. Segundo ele, a auto-regulamentação já foi tentada, mas fracassou por culpa das próprias emissoras. Daí a justificativa para o Estado-pai-de-todos fazer a censura prévia.

O diretor do Dejus diz ainda que gostaria que as redes fizessem como os fabricantes de cereais: "O que tento é convencer as emissoras de fazer da classificação indicativa um valor agregado do seu produto, como os cereais fazem com a informação nutricional".

É bom lembrar ainda que uma das análises do órgão aponta, por exemplo, que o desenho das "Meninas Superpoderosas" não é recomendado para crianças "porque elas se reúnem num shopping e isso estimula o consumismo".

Depois do "Ponto G" do Lula, do "relaxa e goza" da Marta, do "arruma dois pau pra eu" do Vavá, agora a reencarnação da Dona Solange vem comparar TV com sucrilhos e proibir um desenho animado que retrata um shopping center.

Meu Dejus!!! Perdoai-os, eles não sabem o que dizem.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Parada do Orgulho Hétero reúne 15 na Paulista

Em contraposição à Parada do Orgulho Gay, realizada na semana passada em São Paulo, com público estimado em mais de 3 milhões de pessoas, foi realizada ontem a primeira Parada do Orgulho Heterossexual, que reuniu 15 (15 mil? Não, 15 mesmo).

O "movimento" foi convocado no começo da semana, por uma comunidade homônima no Orkut. Os participantes querem apoio oficial para montar shows e já brincam planejando bater "recorde" em 2008.

Criticado por organizar a iniciativa, o grupo esclareceu que pretende apenas defender a liberdade de expressão, sem nenhum tipo de apoio à homofobia.

Na comunidade do Orkut, eles receberam mais de 200 apoios à iniciativa. Por volta das 16h, havia menos de 15 pessoas (homens, na maioria) com o grupo, na calçada do Masp. Mas os organizadores disseram que alguns participantes estavam atrasados e que o "número oficial" da parada seria de 30 pessoas.

O que parece ser uma brincadeira bem humorada ganhou contorno mais sério (!?) na Câmara Municipal de São Paulo, que em 2005 aprovou o "Dia do Orgulho Heterossexual", proposto pelo vereador evangélico Carlos Apolinário (DEM).

Roberto Freire grava programa de Juca Kfouri

Três vezes por semana, Juca Kfouri, um dos mais respeitados jornalistas esportivos do Brasil, recebe uma personalidade para um bate-papo descontraído e inteligente sobre esportes e a conjuntura do país.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, grava hoje sua participação no programa "Juca Entrevista", do canal ESPN Brasil, que vai ao ar toda terça-feira, às 20h30, quintas e sábados, às 21h.

Roberto Freire é torcedor fanático do Sport (deve estar chateado com o "milésimo" gol do Romário justamente no time dele) e ex-jogador da seleção pernambucana de basquete, mas agora está fazendo estágio em São Paulo para virar corinthiano, assim como Juca. A Fiel agradece a preferência.

O programa com Roberto Freire irá ao ar na próxima terça-feira, 26 de junho, às 20h30.

Reveja aqui a entrevista de Juca Kfouri ao Blog do PPS/SP.

Poetisa Dona Maura dá puxão de orelha em Lula

O que será que o povo está pensando de Lula? O poema de Dona Maura Maria Lopes, evangélica, frequentadora do grupo de 3ª idade da Casa de Cultura Cora Coralina, em Santana (zona norte de SP), dá um indicativo.

Simples, direto, quase um cordel. É o que se convencionou chamar de "a voz rouca das ruas". A gravação é de Eliseu Santoni, militante histórico do PPS. Ouça aqui.

domingo, 17 de junho de 2007

Deveria ser óbvio quem é patrão do homem público

Outro dia, Heraldo Corrêa Ayrosa Galvão, militante do PPS/SP e ex-secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação, sugeriu que falássemos sobre a importância de homens e mulheres que ocupam cargos públicos deixarem de lado os privilégios dos cargos (como carro oficial e um exército de assessores, por exemplo) para usar os serviços públicos: transporte, saúde, pegar fila de banco etc.

Só assim, disse Heraldo, para o "homem público" sentir na pele um pouco do que é a rotina do cidadão que, sem demagogia, é o seu patrão. Ficamos de voltar ao tema.

A idéia ficou martelando um tempo na cabeça e quando finalmente ia tomar forma, eis que o jornalista Clóvis Rossi, com algumas décadas a mais de janela e de talento, foi mais rápido e eficaz.

"Deveria haver uma lei obrigando executivos públicos, de todos os níveis, a viver um dia ao mês (ou a cada dois meses, vá lá) como gente normal. Nada de carro oficial com motorista, nada de avião da FAB, nada de ´aspones´ para fugir das filas ou para pagar contas onde quer que seja, nada de privilégios", definiu.

Leia o artigo de Clóvis Rossi na Folha de hoje, na íntegra:

Não dá para relaxar

FRANKFURT - O policial federal de plantão no aeroporto de Cumbica deve ser leitor desta Folha. Vê meu nome no passaporte e logo comenta: "Notícia não te falta, hein?". Depois emenda com um comentário absolutamente impublicável sobre o "relaxa e goza" da ministra Marta Suplicy.

Não foi o único, publicável ou não, ouvido na interminável fila para, primeiro, passar a checagem de segurança e, em seguida, o controle de passaportes. A maioria dos comentários não vem cravado de indignação, mas de desprezo ou ironia, muitas vezes cruel.

Deveria haver uma lei obrigando executivos públicos, de todos os níveis, a viver um dia ao mês (ou a cada dois meses, vá lá) como gente normal. Nada de carro oficial com motorista, nada de avião da FAB, nada de "aspones" para fugir das filas ou para pagar contas onde quer que seja, nada de privilégios.

Talvez assim -só assim- seriam evitados comentários tão imbecis como o da ministra do Turismo. O avião atrasa quase duas horas para decolar, pois, diz o piloto, o controle aéreo de Brasília não o liberou.

Mergulho na leitura de bordo que minha premonitória filha me emprestou. Chama-se "A Distância entre Nós", da indiana-americana Thrity Umrigar. Trata-se da história de duas mulheres, patroa e empregada, unidas por forte amizade, mas separadas pela fronteira invisível da diferença de classe.

Digo premonitória porque o título poderia ser perfeitamente uma alusão ao abismo que separa mortais comuns das autoridades públicas. Até eu, parte da elite e que posso tratar todas elas de "tu a tu", como dizem os espanhóis, sinto-me de outro planeta.
Ainda mais que, na chegada a Frankfurt, há um bom número de funcionários da Lufthansa a postos para acomodar passageiros que perderam sua conexão por causa do atraso em Cumbica. Nenhum deles diz "relaxa e goza".