terça-feira, 22 de maio de 2007

Câmara: 171

Antes que façam interpretações precipitadas (ou ilações indevidas, como dizem por aí), explico que o 171 do título não faz qualquer referência ao artigo do código penal, sobre estelionato, e que se transformou em gíria para designar alguém malandro, sempre tentando dar um golpe.

O 171, neste caso, é a quantidade de assinaturas necessárias para aprovar a CPI da Navalha, para investigar o escândalo de desvio de verbas públicas e pagamento de propina a políticos e funcionários públicos revelado pela "Operação Navalha" da Polícia Federal.

O líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC), informou que vai reunir a bancada para discutir estratégias para conseguir as assinaturas necessárias à abertura de CPI proposta pelos deputados Augusto Carvalho (PPS-DF) e Júlio Delgado (ex-PPS, hoje no PSB-MG).

Como há indícios do envolvimento de deputados e senadores, e os recursos desviados são oriundos de emendas aprovadas pelo Congresso, o pedido será para a instalação de uma comissão mista de investigação (que funcione em conjunto na Câmara e no Senado). Então, será necessário o apoio de 171 deputados e 27 senadores.

"Praticamente nenhum partido está a salvo dessa devassa que está ocorrendo em nosso País. Essas irregularidades atingem tanto membros da base aliada como da oposição. Francamente, não acredito que as siglas não queiram as investigações. Se os partidos pretendem deixar a imagem limpa perante a opinião pública, está na hora de começar a cortar na própria carne. Atire a primeira pedra o líder ou partido que não quiser que seu parlamentar seja investigado", desafiou Augusto Carvalho.

Dentre os citados em imagens e escutas telefônicas gravadas pela Polícia Federal, mediante autorização judicial, estão o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, governadores, senadores e deputados federais de vários partidos.

Todos são acusados de fazer parte do esquema montado pelo empresário Zuleido Soares Veras – dono da construtora Gautama, empresa que é acusada de manter uma relação promíscua com o poder público.

"Esta CPI deve ficar longe da disputa governistas versus oposicionistas. A Casa tem a obrigação de investigar esse esquema fraudulento. É preciso fazer uma verdadeira devassa nas liberações fraudulentas das emendas orçamentárias", afirmou o deputado do PPS.