quinta-feira, 15 de março de 2007

O texto proibido de Boris Casoy

Mais uma bobagem do Governo Lula, que já tentou expulsar do país o jornalista Larry Rotter, correspondente do The New York Times, após publicação de artigo em 2004 sugerindo que o presidente tem problemas com o álcool (aguardente, não o etanol).

Agora o deslize foi do ministro da Defesa, Waldir Pires, que admitiu ter censurado a publicação de um artigo do jornalista Boris Casoy sobre o levante comunista de 1935, na revista "Informe Defesa", da Assessoria de Comunicação Social do Ministério. A informação foi dada em primeira mão pelo jornalista Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo.

Ora, será novidade para alguém o posicionamento político-ideológico de Boris Casoy? Filho de judeus russos, acusa o governo petista de ter forçado a sua demissão da Rede Record (leia matérias de 7/4/2006 e 24/6/2005) e teve a carreira marcada pela acusação de ter pertencido ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas), informação que ele sempre negou e atribui a "uma reportagem irresponsável da revista O Cruzeiro".

Em nota oficial divulgada ontem, Pires afirma que "toda a vida, sem nenhuma transigência" lutou pelas liberdades, "inclusive a de imprensa", mas que considerou o texto "inadequado" à revista.

"Os equívocos da história não são o objetivo da "Informe Defesa". Mas, ao contrário, a idéia de transmitir ao país a necessidade de um conceito de que as Forças Armadas são uma instituição essencial da Nação, para sua segurança e seu destino democrático, em meio aos riscos do mundo contemporâneo."

Pires conclui dizendo que não sabia que o seu Ministério havia encomendado o artigo a Casoy. "Não sabia, nem o meu gabinete, do convite ao jornalista Boris Casoy, para sua contribuição. Suas convicções respeito-as e delas divergi, desde sempre, com apreço e cordialidade pessoal. Mas a página que escreveu está desenganadamente inadequada ao conteúdo de um informe oficial."

Leia a íntegra do artigo censurado de Boris Casoy:

Em sua obra "1984", o notável escritor inglês George Orwell trilha os caminhos de um regime autoritário num futuro remoto. Nessa ditadura predomina a figura de "Grande Irmão", na verdade uma imagem crítica do ditador soviético Stálin. Num cenário sombrio, o autor faz desfilar os instrumentos utilizados pelo regime para sufocar as liberdades. Um deles é o Ministério da Verdade, cuja função, entre outras "nobres" tarefas, é apagar ou reescrever a história ao talante do regime.

Há fatos deste imenso país que nos remetem a Orwell; por exemplo, a tentativa de relegar ao esquecimento a Intentona Comunista. Sob os mais diversos pretextos, a história é reescrita. A evocação do episódio de novembro de 1935 é tida como meio de buscar a cizânia entre brasileiros. Ai de quem evoca as vítimas da fracassada tentativa comunista de tomada do poder! Imediatamente sofre a censura e os ataques das "patrulhas", dispostas a levar adiante seus propósitos que, apesar dos fracassos, agora sob nova roupagem ainda motivam -por volúpia de poder ou ignorância- parcelas de nossa sociedade. E mais: há todo um movimento pela deificação do executor da Intentona, Luiz Carlos Prestes.

Com o desmantelamento do socialismo real, os documentos dos arquivos soviéticos gritaram a verdade: a tentativa de golpe foi urdida e coordenada pela 3ª Internacional, de cuja Comissão Executiva Prestes era membro. No Brasil, preparando a revolução estavam 22 estrangeiros pertencentes ao Serviço de Relações Internacionais do Komintern, como mostra o livro "Camaradas", do jornalista William Waak, que pesquisou os arquivos do Komintern. E mais: o livro -que derrubou diversos mitos históricos- comprova que a ordem para a eclosão do movimento não partiu do PCB ou de Prestes, mas sim foi mandada de Moscou por telegrama, pelo Komintern.

A ação comunista produziu 33 vítimas, cujas famílias nunca reivindicaram nada do governo brasileiro!

A história é a grande mestra da política. A Intentona de novembro de 1935 não pode ser esquecida sob nenhum pretexto. É um exemplo.