quinta-feira, 8 de março de 2007

Dia Internacional da Mulher

Hoje celebramos o Dia Internacional da Mulher, mas não há motivo para comemoração. Assim como na origem desta data, há 150 anos, quando 129 operárias têxteis morreram queimadas lutando pela redução da jornada de trabalho, hoje também este 8 de março é marcado pelo luto, pela dor, pela indignação e pelo protesto.

Não podemos permitir que a substância feminina, sua solidez, firmeza, força, vigor e robustez, seja ultrajada por outra protagonista da sociedade atual, a violência.

Violência, substantivo feminino – ironia e contradição à parte – que não escolhe sexo, raça, credo ou idade. Violência, que nenhum dicionário consegue exprimir o seu significado, apesar das inúmeras definições.

Violência: qualidade do que é violento. Ação ou efeito de violentar, de empregar força física contra alguém ou algo. Intimidação, crueldade, força súbita que se faz sentir com intensidade. Constrangimento físico ou moral. Cerceamento da justiça e do direito. Coação, opressão, tirania. Fúria.

Violência que atinge diariamente dezenas de famílias, que machuca, que humilha, que mutila, que abate, que devasta, que arrasa, que destroça.

Que leva vidas como a do menino João Hélio, arrastado por sete quilômetros até a morte. Como a da menina Vitória Gabrielly, de três anos, morta com um tiro dentro de casa, no colo do avô. Como a adolescente Priscila, de 13 anos, atingida por uma bala perdida no canteiro central da avenida Ibirapuera, há uma semana, quando caminhava para o ponto de ônibus, e hoje está paraplégica.

Violência que tirou a vida de Gabriela Prado Maia Ribeiro aos 14 anos, durante um assalto no metrô da Tijuca, em março de 2003, no Rio de Janeiro. Era a primeira vez que a jovem saía sozinha, numa espécie de liberdade condicional imposta pela insegurança pública, que nos prende dentro de casa, cerceando nosso direito de ir e vir, e coloca os bandidos soltos nas ruas.

Sua mãe, Cleyde, que lidera há quatro anos a ONG Gabriela Sou da Paz é homenageada hoje em São Paulo por iniciativa da vereadora Myryam Athie, líder do PPS na Câmara Municipal.