terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Freire fala em novo partido

Diário do Comércio (SP)


Aliado do PSDB, o presidente nacional do PPS, ex-deputado federal Roberto Freire, defendeu ontem a manutenção da aliança com os tucanos para 2010, com a liderança do governador José Serra, e até a formação de um novo partido de esquerda com políticos não-alinhados com o PT.

No sábado passado, o PPS aprovou a realização de uma conferência nacional para discutir o papel da esquerda e os desafios que terá de enfrentar. Freire diz que a idéia é atrair a participação de lideranças políticas de vários partidos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), de quem Freire é suplente.

"Não estou chamando ninguém para vir ao PPS, mas a esquerda democrática precisa apresentar uma alternativa ao que está aí. Queremos ser uma opção para os descontentes", afirmou Freire.

Aliado do PSDB, o ex-deputado fez críticas ao partido durante palestra na Fundação Mário Covas, em pleno ninho tucano. Na avaliação de Freire, o racha interno no PSDB mostrou que as lideranças nacionais não se entendem. "O PT e seus aliados saem ganhando com a divisão", avaliou Freire.

Segundo o ex-deputado, já na eleição presidencial do ano passado ficou clara a divisão entre os tucanos. O resultado: a candidatura de Geraldo Alckmin não deslanchou. "A aliança formada (PSDB-PFL-PPS) não era para ganhar a eleição, mas para marcar posição e cumprir tabela", disse.

Câmara – Já na disputa entre Arlindo Chinaglia (PT) e Aldo Rebelo (PCdoB), Freire afirmou que os tucanos insistiram no erro. Para ele, o alcance político da candidatura Gustavo Fruet (PSDB) mudou o rumo da disputa. Entretanto, a vantagem foi perdida no segundo turno.

"A sucessão na Câmara não era disputa intra corporis (interna)", comentou o dirigente do PPS, ao se dirigir à platéia formada por militantes e dirigentes do PSDB e também do PPS.

Conforme Freire, no segundo turno o caminho natural do PSDB seria apoiar Rebelo, que, apesar de governista, mostrou-se mais independente.

Nenhum tucano contestou as afirmações de Freire. O ex-coordenador da campanha de Alckmin, João Carlos Meirelles, admitiu que o partido está numa encruzilhada. "O que aconteceu na Câmara (o racha) é uma reflexo da eleição de 2006", desabafou.